Em 1946, na região de Reggio Emilia, no norte da Itália, centenas de cidadãos, inclusive mães que haviam perdido seus maridos e familiares nas batalhas da Segunda Guerra Mundial tentavam recomeçar suas vidas. Entre retomar suas rotinas estava também a missão de resgatar a educação, a história e a cultura daquele lugar em escombros.
À frente deste grupo, o jovem educador Loris Malaguzzi propunha uma abordagem pedagógica bastante otimista e que fugia totalmente do convencional. Nela, a criança desenvolveria seu potencial criativo, se expressaria livremente e seria a dona de seu próprio aprendizado. Ao professor caberia o papel de observá-la e apoiá-la neste caminho.
A proposta era bastante ousada para a época não apenas em termos pedagógicos, mas também de gestão. Cada escola que seguia esta corrente era autorregida por uma grupo de professores e pais e não apenas pela igreja católica, única instituição a cuidar da educação italiana havia séculos.
Este foi o início da abordagem Reggio Emilia, batizada assim em homenagem ao lugar onde foi criada e logo abraçada pela comunidade local. Hoje existem cerca de 40 escolas e creches que a utilizam apenas na Itália, além de outras em 34 países.
Cada aluno a seu ritmo
A ideia de que cada criança tem “cem linguagens” é um dos pontos principais da abordagem. Nela, o aluno (de 0 a 6 anos) tem o papel de protagonista e aprende pela experiência, por meio de atividades como jogos ou oficinas de criatividade, sempre em grupo.
“Todas as individualidades dos alunos são respeitadas neste processo de aprendizagem, assim como suas diferenças culturais”, explica Paola Strozzi, da Fundazione Reggio Children, entidade responsável pela difusão da abordagem em nível mundial.
A abordagem desenvolvida em Reggio Emilia não existe como metodologia, mas sim como uma proposta pedagógica de orientação construtivista. Desta forma, não há um caminho pré-definido por parte do professor (sempre dois por turma).
Cada experiência de aprendizagem é única e, em todo mundo, há escolas que se inspiram nesta proposta, mas não necessariamente são certificadas ou recomendadas por ela.
Por isso, a abordagem educativa de Reggio Emilia não avalia as crianças com ferramentas tradicionais, mas sim por meio de um método de documentação elaborado e aprimorado pelos professores.
Como esclarece Paola, “esta avaliação foi criada há mais de 50 anos e, por meio dela, é possível validar e acompanhar o desenvolvimento do aluno”.
Tecnologia, arquitetura e maravilhamento
Em comum com outras propostas para a educação infantil, a abordagem educativa de Reggio Emilia não descarta o uso da tecnologia, mas o coloca como mais uma linguagem presente no cotidiano das crianças, e recurso para a expressão e a aprendizagem.
“É apenas um elemento extra nas atividades. Nós temos um approach diferente: estes aparatos servem como ferramentas para a arte e a cultura”, esclarece Marina Castagnetti, também da Fondazione Reggio Children.
Outra característica das escolas que tomam Reggio Emilia como inspiração é que não há a necessidade de arquitetura ou mobiliário especial – como no caso do método Montessori, por exemplo –, mas sim de ambientes agradáveis, amplos e funcionais, que convidem o aluno ao convívio e à interação.
É dentro deste espaço que acontece o “maravilhamento” do aluno, quando ele faz suas descobertas, como nos conta Marina. “As crianças são provocadas a interagirem com este ambiente e cada um dos elementos que fazem parte dele. São estimulados a trabalhar e tocar diferentes materiais, como madeira, plástico ou papel, ou provar sabores distintos, como o doce, o salgado ou o azedo. A ideia é que a cada dia aconteça uma nova descoberta”.
Exclusivo no Brasil
O Instituto Singularidades é a única instituição brasileira a oferecer uma especialização na abordagem educativa Reggio Emilia, com duração de dois anos.
Segundo Danielle Cristina Wolff, coordenadora do curso, a possibilidade de aprofundar-se nos conceitos e valores que sustentam esta proposta oferece aos alunos reflexões significativas sobre como estes valores se convertem em práticas pedagógicas.
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