Nada será mais discutido neste ano na área da educação que a aplicação da nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que deve ser implementada da educação infantil e Ensino Fundamental até 2020. Entretanto, as dúvidas dos professores e das instituições de ensino sobre como construir os currículos e elaborar os planejamentos adequados ao que é proposto no documento é um desafio dos maiores, principalmente na área de Ciências Humanas, composta por História e Geografia.
Segundo a professora do Instituto Singularidades, Denise Rampazzo, que ministra o novo curso on-line “BNCC do 1o ao 5o ano: Ciências Humanas”, é hora das instituições fazerem uma imersão no documento para poder compreender quais habilidades e competências – termos da nova base para estabelecer os marcos da aprendizagem dos alunos – são relativos a cada ano e a cada área do conhecimento.
“A base foi organizada a partir de 10 competências gerais, relacionadas aos campos racional e socioemocional. O documento propõe que, ao final do ensino médio, todos os professores tenham desenvolvido em seus alunos estas competências, que serão trabalhadas ao longo deste tempo. Cada área é responsável por desenvolver as competências específicas da área”, explicou a professora na aula inaugural do curso, que você pode conferir aqui.
Das 10 competências contidas na base, sete são da área de Humanas. E cada componente curricular (o novo termo da BNCC para matéria ou disciplina) indica as competências do componente que contribuem para desenvolver as competências da área que, por sua vez, ajudam a desenvolver as dez competências. Muitos professores estão preocupados ou ainda não sabem como realizarão este trabalho.
Segundo a professora, o temor dos professores pode ser amenizado. Denise explica que as habilidades, que auxiliam no desenvolvimento das competências, vão se tornando mais complexas a cada ano, fazendo com que o professor desenvolva nos seus alunos a habilidades esperadas para cada ciclo de forma tranquila.
As habilidades dos anos iniciais do fundamental conversam com a dos finais e com as do ensino médio, de maneira que, terminar, todo esse processo de aprendizagem terá sido suave e efetivo.
O papel das ciências humanas na nova BNCC
Formar alunos para a cidadania, para que vivam melhor no mundo ao seu redor, façam as melhores escolhas e consigam tomar as melhores decisões para o seu projeto de vida e para o mundo do trabalho é a missão da escola.
Mas no caso específico da área de Ciências Humanas, este apelo é ainda mais forte, porque o que se pretende é colaborar com o desenvolvimento de uma visão crítica e participativa de todos os estudantes na sociedade, o que passa por compreender os componentes curriculares que a compõem.
“Eu me lembro de quando eu era estudante, ouvi de alguns professores que a escola prepara para o futuro, mas tenho de discordar: ela forma para o agora, para o presente. Se eu desenvolver o meu aluno para que ele tenha uma boa relação com o mundo ao seu redor agora, ele vai construindo o seu conhecimento aos poucos, e no futuro ele terá uma melhor inserção em diversos ambientes, fará as melhores escolhas e será capaz de executar o seu projeto de vida”, explica a professora.
Na BNCC, competência é definida como a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho”.
A área de Cências Humanas é responsável também por contribuir com uma formação ética de fundamental importância, o que inclui valorizar os direitos humanos, promover o respeito à diversidade, ao meio ambiente, às relações socialmente respeitosas, a fortalecer valores e a solidariedade.
Como montar um plano de aula que abarque tudo isso?
Denise ressalta que a BNCC traz pistas para a elaboração do planejamento das aulas ou das sequências das aulas, que podem ser seguidas ou adaptadas de acordo com a turma e com o tema que o docente esteja trabalhando com ela. Ela afirma que o professor tem de escolher os seus objetos de conhecimento mais adequados para desenvolver as habilidades indicadas a cada ano nos componentes curriculares e assim alcanças as competências que deverão ser desenvolvidas ao final da Educação Básica.
“É imprescindível que o professor abra o documento no momento em que estiver fazendo o planejamento. Que abra as planilhas e olhe como as habilidades estão organizadas, e tente entender como essas podem contribuir para o desenvolvimento das competências”, aconselha.
Denise acredita que as aulas pura e simplesmente expositivas devam ser evitadas para que se aumente o engajamento do aluno. Na busca de mais estímulos à aprendizagem, o professor deve usar diferentes estratégias e realizar intervenções para garantir os procedimentos de investigação, utilizar-se do lúdico, aquilo que é feito com prazer e divertimento, das trocas, da escuta, por exemplo. Outro aspecto de fundamental importância é utilizar diversos ambientes educativos para mediar a construção do conhecimento, como bibliotecas, parques, museus, arquivos etc.
“Sair da sala de aula pode ser uma estratégia potente para o engajamento das crianças e para que elas considerem essa aprendizagem de um jeito mais lúdico. Transformar isso em algo mais significativo quer dizer estabelecer pontes e ligações com aquilo que está sendo ensinado e com aquilo que a criança enxerga ao redor”, aponta a docente.
Tanto nos anos iniciais quanto nos finais o professor pode e deve lançar mão de novos suportes para as aulas, não apenas os que usem a tecnologia, mas também outros como composição musical, redação de contos ou poemas, peças de teatro etc.
Denise reafirma que metodologias mais ativas, aulas mais lúdicas e outras vivências nas quais as crianças estejam engajadas na aprendizagem deverão ser planejadas com cuidado e carinho pelos docentes, que a partir de agora contam com um documento oficial para ajudá-los na sistematização de seu trabalho como facilitador da aprendizagem das crianças.
Denise Rampazzo é mestre em educação pela Universidade de São Paulo (USP) e professora da pedagogia no Instituto Singularidades
Para saber mais: http://institutosingularidades.edu.br/novoportal/
Entre em contato: [email protected]