Seguimos nossa série de textos sobre a composição de um acervo de literatura infantil. Neste texto falaremos sobre outros gêneros literários (como os da tradição oral, poemas e livros de imagem) que devem estar presentes em um acervo destinado às crianças.
Gêneros da tradição oral
É importante, sobretudo considerando-se a Educação Infantil e os dois primeiros anos do Ensino Fundamental, que os livros e as coletâneas com os gêneros da tradição oral estejam presentes no acervo. Aqui, refere-se, especialmente, às parlendas, aos trava-línguas, às cantigas e às quadrinhas. Os títulos disponíveis no mercado editorial são inúmeros, mas pode-se destacar:
– A coleção Na Panela do Mingau, de Maria José Nóbrega e Rosane Pamplona, editada pela Moderna, tem títulos que reúnem parlendas (Salada, saladinha), quadrinhas (Diga um verso bem bonito), adivinhas e trava-línguas (Enrosca ou desenrosca) e histórias de enrolar (Era uma vez… três!);
– Parlendas para brincar, de Josca Aline Baroukh e Lucila Silva de Almeida, com ilustrações de Camila Sampaio (São Paulo: Panda Books, 2013);
– Os títulos de Eva Furnari, editados pela Moderna: Travadinhas, Não confunda, Você troca?, Não confunda, Assim assado, Adivinhe se puder. Diferentemente dos anteriores, esses livros não são coletâneas dos gêneros da tradição oral, mas criações autorais que também brincam com os estratos sonoro e semântico da linguagem.
Poemas
Os poemas são imprescindíveis num acervo que pretende formar leitores literários. O Brasil tem vários poetas que escrevem para crianças e são leitura obrigatória nas salas de aula, salas de leitura e bibliotecas, tais como:
– Poemas para brincar, de José Paulo Paes, da Editora Ática;
– 111 poemas, de Sérgio Caparelli, da L&PM Editores;
– Ou isso ou aquilo, de Cecília Meirelles, da Global Editora;
– Tem de tudo nesta rua, de Marcelo Xavier, da Editora Formato;
– A coleção Brasileirinhos, com poemas para os animais da fauna brasileira, escritos por Lalau e ilustrados por Laurabeatriz;
– As antologias organizadas e ilustradas por Adriana Calcanhoto, como Antologia ilustrada da poesia brasileira: para crianças de qualquer idade (2a ed. ampliada. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2014);
– A antologia organizada por Ruth Rocha especialmente para crianças: Poemas que escolhi para crianças (São Paulo: Salamandra, 2013).
Paródias ou contos de transgressão
Desde o clássico A fada que tinha ideias, de Fernanda Lopes de Almeida (Editora Ática), Chapeuzinho Amarelo, de Chico Buarque (Editora Autêntica) ou O fantástico mistério de Feiurinha, de Pedro Bandeira (Editora Moderna) – todos obrigatórios no acervo – o mercado editorial vem lançando, anualmente, um vasto conjunto de títulos que têm o comum o diálogo com as histórias clássicas, especialmente os chamados contos de fadas.
Por estabelecerem um intertexto com os contos clássicos, alterando enredos, acrescentando personagens, mudando o final ou a perspectiva, costuma-se nomear esses livros como contos de transgressão.
Há uma verdadeira febre de títulos assim e é preciso critério para escolher livros que, na intertextualidade e na transgressão que propõem, constroem um texto de efetiva qualidade literária. Aqui, recomendam-se:
– A verdadeira história dos Três Porquinhos, de Jon Scieska, da Companhia das Letrinhas;
– A verdadeira história de Chapeuzinho Vermelho, de Agnese Baruzzi e Sandro Natalini, da Brinque-Book;
– Não era uma vez, vários autores, ilustrações de Marina Masarani, da Melhoramentos;
– Que história é essa?, volumes 1, 2 e 3, de Flávio de Souza, da Companhia das Letrinhas;
– O carteiro chegou, de Allan Ahlberg, da Companhia das Letrinhas.
Livros de imagem e outras indicações da literatura infantil serão o tema do próximo – e último – texto da nossa série.
Cristiane Mori é mestre em Linguística pelo IEL/UNICAMP e fonoaudióloga pela PUC-SP. É professora da licenciatura em Pedagogia do Instituto Singularidades.
Para saber mais: http://institutosingularidades.edu.br/novoportal/
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