Quando falamos de tradução ou interpretação, ela pode acontecer tanto na direção do português para a Libras (Língua Brasileira de Sinais) como na Libras – português (quando há um palestrante surdo, por exemplo). Os dois processos são possíveis e cada um apresenta suas especificidades.
Interpretação
É a atividade de versar um texto ou discurso de uma língua para outra, de maneira instantânea (simultânea, intermitente ou consecutiva). A atividade de interpretação simultânea normalmente acontece entre textos falados (em língua oral ou de sinais), em um dado espaço e tempo limitados, e lida com o texto em sua versão final no momento em que é enunciado.
Muitos intérpretes profissionais – podemos dizer que a maior parte deles – atua ou já atuou na esfera educacional, interpretando as informações para o aluno surdo e mediando relações em sala de aula.
Entretanto, o serviço de interpretação em outras esferas, como a comunitária, artística, midiática e de conferências, tem crescido significativamente, principalmente em cidades que comportam uma grande quantidade de eventos, como São Paulo.
Tradução
A tradução de textos acontece a partir de um material em uma língua de partida (escrito ou registrado em Libras), com tempo considerável para a execução de seu trabalho, possibilidade de consulta a dicionários, sendo possível a qualquer momento fazer revisões e ajustes no texto na língua de chegada. Em geral, nas línguas de sinais, o registro de uma tradução é feito em vídeo.
A atividade de tradução se apresenta bastante específica quando envolve a língua de sinais, e pede alguns cuidados bem diferenciados em relação às demandas do processo de interpretação, uma vez que envolve um maior tempo de estudos e revisão. Até a chegada ao produto final, seja da língua oral (português, inglês etc) para a Libras, seja da Libras para a língua oral da tradução, é necessária uma atenção extra e uma sistematização dos processos envolvidos na tradução.
Questões de acessibilidade
A tradução e interpretação que envolve a língua de sinais está relacionada não apenas à interação entre pessoas de países ou nacionalidades diferentes. Este serviço é uma necessidade cotidiana para os surdos brasileiros, bem como para os de outros países.
No Brasil, hoje há uma série de legislações a serem cumpridas, no que diz respeito à acessibilidade de pessoas surdas ou com deficiência auditiva que se comunicam por meio da Libras, garantindo sua efetiva participação social e exercício da cidadania nas mais diversas esferas sociais.
Dentre as legislações podemos citar a Lei Federal 10.436/02 e Decreto Federal 5.626/05, e a LBI (Lei Brasileira de Inclusão da pessoa com deficiência) – Lei nº 13.146/15.
A partir do surgimento de uma série de leis e normativas, a tradução e interpretação de língua de sinais passou por um processo de transição, deixando de ser uma “atividade assistencialista” e informal, para tornar-se profissional, reconhecida pela Lei 12.319/2010.
“O símbolo Acessível em Libras foi criado pelo Centro de Comunicação (Cedecom) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Seu conceito envolve a identificação da língua de sinais utilizada no Brasil, que tem os surdos como seus principais usuários. Ele configura a cultura surda, que alicerça essa língua. Entende-se comunidade surda enquanto minoria linguística e cultural; e, surdo, enquanto cidadão que se comunica pela Libras – língua reconhecida no nosso país” (UFMG, 2012).
Contratação de um profissional tradutor e interprete de libras-português
Para a contratação de um profissional é necessário certificar-se de que o candidato tenha proficiência na língua, competências tradutórias e interpretativas, além de experiência. Atualmente os cursos de formação inicial estão em fase de expansão e estruturação, e alguns se localizam apenas em grandes centros urbanos.
Sendo assim, contamos ainda com poucos cursos de graduação em Tradução e Interpretação de Libras ou Bacharelado em Letras/Libras, ou mesmo especializações. Com o objetivo de ampliar as possibilidades de aperfeiçoamento nesta área, o Instituto Singularidades é uma das instituições de ensino que oferece a Pós-Graduação em Tradução e Interpretação de Libras – Português.
O contratante do serviço de tradução ou interpretação de Libras-Português pode solicitar comprovação de formação em tradução e interpretação, o exame PROLIBRAS, um portfólio de trabalhos realizados, ou mesmo, em algumas situações específicas, uma carta de recomendação de uma instituição representativa da comunidade surda como requisito mínimo para a atuação.
Fluência ou proficiência?
É interessante entender que o profissional tradutor e intérprete de língua de sinais, assim como de qualquer outra língua, seja de modalidade oral ou visual, deva ter proficiência no par linguístico que atua.
E também que a fluência em Libras não é suficiente para a atuação profissional, pois esta atividade requer estratégias e competências específicas de tradução e/ou interpretação que ultrapassam o conhecimento de de ambas as línguas.
Carolina Fomin é doutoranda e mestre (2018) em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). É coordenadora da pós-graduação em Tradução e Interpretação de Línguas – Português do Instituto Singularidades.
Para saber mais: institutosingularidades.edu.br/novoportal/produto/traducao-e-interpretacao-de-libras-portugues/
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