A tela é onipresente na vida humana há milhões de anos. Na Idade da Pedra, ela era composta pelas paredes das cavernas e seus hierógrifos. Depois veio a tradição oral até chegar a hoje, em que os blockbusters (as grandes produções de Hollywood que ocupam um grande número de salas de cinema) com audiências cada vez maiores, moldaram visões de mundo, personalidades e desejos de consumo.
Ainda mais atuais, a Netflix e outras plataformas que vieram mais tarde possibilitaram assistir a filmes e seriados on-demand, ou seja, na hora em que o espectador o desejar, com produções cada vez mais sofisticadas e interessantes. E, por outro lado, o Youtube subverteu a lógica espectador-produto audiovisual, tornando mais fácil aos jovens (e aos nem tanto assim) produzirem e publicarem seus próprios conteúdos.
No mundo da educação, o audiovisual vem sendo um grande aliado dos professores já há algum tempo. Usar elementos e desenvolver projetos como filmes, vídeos e programas de TV em sala de aula é uma forma de estimular a imaginação e a criatividade em diversas disciplinas, da educação infantil ao ensino médio.
O que é indispensável aos educadores para que possam selecionar e produzir os vídeos que serão usados em sala de aula? Dentro da série Narrativas Digitais da EDA Singularidades, o curso Narrativas em vídeo na Educação oferece aos educadores algumas pistas de como trabalhar estes recursos, numa linguagem prática e objetiva. O curso também ajudará os professores a adequarem este tipo de conteúdo ao que é demandado pela nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
“Foi particularmente desafiador produzir o conteúdo e a dinâmica desse curso. Eu já havia trabalhado com cursos de audiovisual, inclusive cursos a distância, mas pensando num público amplo, diversificado e exigente como são os educadores, a gente tem que ter uma dedicação especial e uma abordagem diferente de tudo o que há na internet”, aponta o professor Marciel Consani, que dará as aulas e cocriou o conteúdo em parceria com o Instituto Singularidades.
O curso, sua proposta e sua dinâmica
Marciel tem muito tempo na docência, mas também trabalhou com produção audiovisual. Ele explica que o curso foi pensado numa progressão de elementos mais teóricos para outros de ordem mais prática.
“Nós tentamos equilibrar os dois tipos de conteúdos, porque teoria sem prática é só conhecimento, e às vezes cultura inútil, e prática sem teoria é tentativa e erro, que na educação não é o melhor jeito de obter resultado”, comenta.
Dividido em cinco módulos, o curso Narrativas traça um panorama do audiovisual no mundo, partindo de preceitos como a chamada “teoria das matrizes”, no primeiro módulo. Essa teoria diz que tudo o que conhecemos sobre o audiovisual vem de três fontes históricas.
Seriam elas o cinema, que foi criado no final do século XIX e reinou absoluto até meados do século XX; a TV, que quando surgiu roubou grande parte do público que ia às salas de cinema, mas que com o passar do tempo passou a conviver pacificamente com a primeira forma de mídia e tornou-se, como diz o professor Marciel, o “eletrodoméstico mais popular do mundo”.
Um pouco depois houve uma nova revolução, que foi o desenvolvimento das câmeras portáteis, o que popularizou o que hoje conhecemos como vídeo. Mais adiante, o surgimento do Youtube abriu um mundo de possibilidades infinitas, inclusive para os educadores, que puderam produzir aulas ou outros conteúdos que pudessem ser usados em suas aula.
Os módulos seguintes ajudam o professor a ter uma compreensão mais geral da narrativa audiovisual e do discurso da câmera como relatora de histórias e registros. A partir daí, o professor aprenderá como fazer uma boa curadoria do material a ser usado com os alunos, a traçar critérios para essa seleção, e também desfazer o mito de que são necessários muitos (e caros) equipamentos para a produção de vídeos.
“É possível fazer filmes com uma câmera de celular, mas com um pouco mais de investimento e com a ajuda de seus amigos (como diriam os Beatles) talvez seja possível fazer filmes que se destaquem em qualidade”, reforça o professor.
Marciel comenta também que o professor pode usar a escola como um núcleo de produção, uma pequena produtora em que os alunos se revezem em funções (filmagem, produção, edição) para criarem conteúdos que prendam a atenção, ensinem e engagem a turma no trabalho em equipe.
No próximo texto falaremos sobre como o curso conversa com a BNCC e como, seguindo as diretrizes da base, o professor pode potencializar o ensino de disciplinas como língua portuguesa, artes, história e educação física com o uso de vídeos.
Marciel Consani é doutor em Ciência da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, com Mestrado e graduação em Artes/Música pela Universidade Estadual de São Paulo (UNESP). É também professor do Instituto Singularidades
Para saber mais: https://loja.isesp.edu.br/cursos/todososcursos/narrativas-em-video-na-educacao/
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