Nos dois textos anteriores, contamos para vocês que o currículo da licenciatura em Matemática do Instituto Singularidades vem passando por constantes renovações, por meio do uso de novos recursos e metodologias didático pedagógicas que formam professores com visão mais ampla, o que inclui abordagens como STEAM (Science, Technology, Arts and Mathematics, em inglês), cultura maker e resolução de problemas.
Também falamos sobre o estágio, que no Singularidades é obrigatório desde o primeiro semestre do curso, fazendo com que o contato com a realidade da sala de aula desperte no futuro professor sua vontade de ir além dos conteúdos exclusivamente matemáticos, tornando possível a construção de um olhar interdisciplinar, investigativo e curioso juntamente aos estudantes.
No último texto da nossa série, o professor Julio Valle nos fala sobre o mercado de trabalho para os licenciados em matemática, que não se restringe à sala de aula ou à gestão escolar.
Também engloba áreas como coordenação pedagógica, pesquisa, tecnologia e Edutment (sigla em inglês para Education and Enterteinment, ou Educação e Entretenimento na nossa língua), área multidisciplinar que engloba games, jogos de tabuleiro e outros recursos que exigem um raciocínio matemático aguçado. Confira a entrevista a seguir:
Além de atuar como professores em escolas públicas e privadas, em quais outras áreas dentro do ambiente escolar podem atuar os professores de matemática?
Vejo que, embora os cursos de formação de professores mais tradicionais não coloquem tanta ênfase nessas possibilidades, um(a) professor(a) de matemática pode sempre atuar na administração escolar e na gestão educacional.
São possibilidades novas que se abrem, especialmente com o fortalecimento da gestão democrática das escolas, aos professores que demonstram um olhar sensível e agregador, mas também desafiador para com seu grupo-escola.
Em quais outros campos além das aulas e da gestão podem estes profissionais trabalhar?
A coordenação pedagógica de área também tem sido uma possibilidade bastante relevante que o(a) futuro(a) professor(a) de matemática pode considerar. Os limites e potencialidades da atuação são outros em relação à sala de aula, o que permite que se faça, nesse sentido, um trabalho muito profícuo.
Existem muitas escolas privadas paulistanas que já têm há algum tempo o Coordenador de Área de Matemática como cargo responsável, principalmente, por enredar o trabalho desenvolvido na disciplina por diferentes professores, englobando abordagens, metodologias, maneiras de se avaliar etc.
Fora da escola, o campo também se expande: desde a composição de equipes técnicas de Secretarias Municipais de Educação até a colaboração – às vezes mesmo a iniciativa – no trabalho de Organizações Sociais (OS’s) capazes de fomentar trabalhos educacionais diversos, contemplando a pesquisa, a extensão, a formação continuada e permanente.
Somos muito procurados especialmente quando os assuntos envolvem planejamento, orçamento e gestão, devido ao repertório formativo que se espera de alguém formado em Matemática.
Essas possibilidades, porém, são algumas citadas ainda dentro do campo educacional. Fora da educação, também é possível encontrar campo aberto em diferentes espaços e contextos.
Cada vez mais há necessidade de egressos do curso de matemática atuando no desenvolvimento de jogos de tabuleiro, videogames e propostas educativas alternativas – o chamado Edutment – como o Espape Room, entre outros. Como você vê esta possibilidade?
O desenvolvimento de jogos também tem atraído um número significativo de egressos, devido sobretudo ao trabalho formativo feito no sentido da Teoria dos Jogos, da Teoria dos Grafos, Probabilidade e Estatística, Estocástica…
Ou seja, são múltiplas e diversas as temáticas contempladas na formação inicial desse profissional que dialogam intimamente com um núcleo de interesse que se situa dentro de um campo em franca expansão.
Outras áreas que podem ser citadas nesse sentido são a programação, a análise financeira e de risco, a produção de material didático, a construção de soluções educacionais digitais, elaboração de recursos educacionais abertos (REA) que podem ser usados por qualquer professor etc.
Pesquisa feita pelo Data Popular em parceria com o Singularidades mostrou que os empregadores do setor privado e das ONG’s consideram os profissionais formados pela instituição em todas as licenciaturas mais bem preparados que o de outras faculdades e universidades. Como professor do curso de Matemática, qual sua opinião sobre isso?
Embora como professor do Instituto Singularidades eu seja suspeito para fazer qualquer afirmação nesse sentido, fico contente de que a pesquisa feita pelo Data Popular tenha sido sensível e capaz de revelar algo que tem sido continuamente discutido como objetivo do trabalho formativo na instituição.
Afinal, dialogando com as mais recentes tendências de pesquisa e de formação de professores, trazendo contribuições de inestimáveis especialistas nas áreas de saber com que lidamos, fomentando a participação integrada e articulada do mercado de trabalho em cada etapa da formação do licenciando e, acima de tudo, mantendo-nos todos em um movimento de constante reflexão sobre a formação que se espera, o resultado me parece mostrar que temos obtido êxito na busca a que nos dedicamos.
Julio Cesar Augusto do Valle possui Licenciatura em Matemática pela Universidade de São Paulo (USP), onde também se titulou mestre e doutor em Educação. É professor da Licenciatura em Matemática do Instituto Singularidades.
Para saber mais: http://institutosingularidades.edu.br/novoportal/
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