Na semana em que se comemora o Dia Nacional do Escritor (no próximo dia 25 de julho), trazemos 10 curiosidades sobre escritores brasileiros para você, professor de Língua Portuguesa ou Literatura do Ensino Médio e dos últimos anos do Fundamental, compartilhar com seus alunos durante as aulas.
A data foi criada pelo ex-ministro da Educação e Cultura Pedro Paulo Penido, em 1960, para homenagear autores e autoras brasileiros. A data coincide com a realização do I Festival do Escritor Brasileiro, acontecido em 25 de julho daquele ano. Confira a seguir algumas das histórias e curiosidades para enriquecer suas aulas e aproximar-se ainda mais dos seus alunos.
1 – As milhares de cartas de Mário de Andrade
Ao longo da vida, Mário de Andrade correspondeu-se com cerca de 1.100 pessoas, entre outros autores, músicos e maestros, além de artistas. Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Oswald de Andrade, Cecília Meirelles, Villa-Lobos, Camargo Guarnieri, Anita Malfatti eram alguns dos seus amigos com quem ele trocava cartas com frequência.
Preocupado em manter todo este acervo em ordem, Andrade arquivou 7 mil cartas em pastas. Determinou, em seu testamento, que as cartas fossem abertas apenas no cinquentenário da sua morte, o que aconteceu em 1995.
2 – Conhecem Milton Fernandes?
O escritor, tradutor, cartunista e humorista Millôr Fernandes fez sua fama nos anos 70, em plena ditadura militar, quando publicava suas colunas e charges em veículos como Veja, O Pasquim, além de livros como 30 Anos de mim mesmo. Sua obra é fundamental para quem quer conhecer o humor ácido de um dos maiores nomes da crítica político-social brasileira.
Nascido em 1923 no subúrbio do Méier, na capital fluminense, Millôr foi registrado apenas um ano depois, como Milton Viola Fernandes. Sua certidão de nascimento foi escrita à mão e, por isso, seu nome parecia estar grafado como “Millôr” e não “Milton”. Daí em diante, “Millôr” se tornaria o apelido que ele adotaria como nome, até sua morte em 2012.
3 – O duelista Olavo Bilac
Olavo Bilac era conhecido não apenas por sua obra poética, mas também pela sua coleção de inimizades. Ofendido pela saída de Bilac de A Rua, periódico que editava, o jornalista João Carlos Pardal Mallet desafiou Olavo Bilac a um duelo.
Inicialmente, a disputa foi marcada para o dia 19 de setembro de 1889, mas foi adiada duas vezes. Por fim, no dia 24 aconteceu o enfrentamento, com cada lado portando uma espada. Mas a tão esperada batalha levou menos de 5 segundos: Bilac feriu Mallet na barriga de forma leve, e a disputa foi encerrada.
4 – O casal Tarsiwald
Em 1926, o escritor Oswald de Andrade e a artista Tarsila do Amaral se casaram. Formaram um casal dos mais celebrados à época do Modernismo brasileiro, que teve seu ápice com a Semana de Arte Moderna de 1922. Para unir-se a Tarsila, o escritor foi até Roma ter uma audiência com o Papa, para pedir a anulação do primeiro matrimônio dela.
Mário de Andrade chamava o casal de “Tarsiwald” e a parceria rendeu vários frutos artístico-literários, mas durou pouco. O casal ficou junto até 1929, quando Andrade se separou de Amaral para casar-se com a escritora Patrícia Galvão, a Pagu.
5 – A liberdade de Cecília Meirelles
A poeta, escritora e pintora Cecília Meireles foi outro nome fundamental quando se fala do Modernismo na literatura brasileira. Depois de atuar na docência, Cecília viajou pelos Estados Unidos, Bélgica, Holanda, Chile e Uruguai, o que inspirou grande parte da sua obra e fortaleceram sua forma livre e suave de ver o mundo.
Não apenas nisso Meirelles foi precursora: ela foi a criadora da primeira biblioteca infantil do país, no Rio, em 1934. Além disso, ela foi a primeira mulher a ter um livro premiado pela Academia Brasileira de Letras, por sua obra Viagem, publicada em 1939.
6 – A pioneira
Jornalista, feminista e educadora: a potiguar Nísia Floresta foi a primeira autora a publicar um livro no país. Seu primeiro livro foi Direitos das mulheres e a injustiça dos homens, publicado em 1832, quando ela tinha 22 anos. Depois deste, vieram várias outras obras defendendo os direitos femininos, dos negros e dos indígenas.
Aos 28 anos, em 1838, Nísia fundou uma escola para meninas, numa época que o comum era que elas se preparassem para o futuro casamento. Ainda no Brasil imperial, a escritora, inspirada pelas ideias do positivismo, via as mulheres como importantes agentes sociais.
7 – A formação de João Ubaldo Ribeiro
O autor de Viva o povo brasileiro e Sargento Getúlio teve uma educação muito rígida. Seu pai, que era advogado e professor, exigia do filho grande aplicação aos estudos, e obrigou-o a ler muitos dos clássicos da literatura inglesa no original. A dedicação do jovem fez com que ele dominasse a língua desde a adolescência.
A tradução de seus livros para o inglês foi feita pelo próprio autor. Além de escritor, Ribeiro foi também escritor e teve colunas em jornais como O Estado de São Paulo e O Globo. Ele foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1993, e velado no mesmo lugar, em 2014.
8 – Uma amizade que atravessava o Atlântico
Jorge Amado, outro dos grandes escritores nascidos na Bahia, nos seus últimos anos de vida se aproximou muito do português José Saramago, o único autor da língua portuguesa a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura. Era comum que ambos e suas companheiras, Pilar e Zélia, viajassem e passassem tempo juntos.
A amizade nascida na maturidade foi mantida por meio de centenas de cartas, trocadas entre os anos de 1992 e 1998, ano em que Saramago ganharia o Nobel. Amado, já quase sem enxergar e no fim da vida, comemorou muito a conquista do amigo por meio de uma carta, ditada à sua filha, Paloma. Essa bonita expressão de amizade foi publicada recentemente em forma de livro, pela Companhia das Letras.
9 – Graciliano Ramos, o prefeito que multou o pai
Nascido e criado em Palmeira dos Índios, uma pequena cidade no interior de Alagoas, Graciliano Ramos se tornou professor, logo depois diretor de escola e, com sua popularidade em alta, lançou-se candidato à prefeito e venceu a disputa.
Rígido, o autor de Vidas Secas criou um código moral composto por 82 artigos, que incluía a proibição de se criar animais na rua. O pai do escritor, Sebastião Ramos, criava gado em um terreno baldio nesta época, e acabou sendo multado pelo governo do próprio filho.
10 – Guimarães Rosa e a ajuda aos judeus na Segunda Guerra Mundial
Além de sua vasta e brilhante carreira literária, João Guimarães Rosa foi também diplomata. Por meio de sua atuação na embaixada brasileira em Hamburgo, na Alemanha, ele conheceu sua futura esposa Aracy Moebius de Carvalho, no fim da década de 1930, quando a Segunda Guerra Mundial exterminava grande parte da população judia na Europa do Norte.
Aracy criou um plano para transportar judeus que viviam na Europa nazista para o Brasil, tendo o marido como cúmplice. Mesmo com a decretação da ilegalidade deste ato pelo presidente Getúlio Vargas, o casal agiu para salvar parte dessas pessoas. Guimarães Rosa falsificava passaportes, enquanto sua esposa fazia com que o chefe assinasse documentos sem perceber do que se tratava. Aracy salvou quase cem pessoas. Em 1982, como reconhecimento, ela teve seu nome gravado no Museu do Holocausto, em Israel.
Fontes consultadas: História Bizarra da Literatura Brasileira, de Marcel Verrumo, e Guia dos Curiosos, de Marcelo Duarte
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