Há um consenso de que os cursos de formação docente stão muito longe de responder às expectativas dos sistemas de ensino, sejam eles, público ou privado. Muito também vem sendo falado e discutido sobre o assunto, e algumas mudanças já se deram, principalmente no campo legal e regulador.
Um exemplo são as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial e Continuada em Nível Superior de Profissionais do Magistério para a Educação Básica instituída pela Resolução nº 2, de 1º de julho de 2015.
Esta resolução estabelece como princípio formulador da política uma sólida formação teórica e interdisciplinar, trabalho coletivo e interdisciplinar,unidade entre teoria-prática, compromisso social e valorização do profissional da educação, gestão democrática, avaliação e regulação dos cursos de formação.
Sabemos que Lei e seus derivados se transformam em letra morta se não tivermos o engajamento necessário para uma ação de fato transformadora. É nesse sentido que o Instituto Singularidades tem desenvolvido sua prática formadora com suas turmas de estudantes e futuros mestres que se apresentam e se apresentarão aos sistemas de ensino.
Nova matriz curricular
Desde 2017, vimos aplicando uma nova matriz curricular de formação de professores pedagogos e licenciados em Língua Portuguesa e Matemática no Instituto Singularidades. Além de uma estrutura inovadora de acompanhamento do estágio, que tem início já no 1º semestre dos cursos (no qual por meio da permanente observação e reflexão da prática são abertos novos caminhos para a futura prática docente) arriscamos, também, em implantar uma disciplina que tem como pretensão introduzir temas contemporâneos, que, muitos deles, não possuem conteúdos relacionados diretamente a atividade do ensino e aprendizado para o levantamento da bibliografia a ser indicados aos alunos e futuros professores.
A disciplina Seminários Temáticos sobre a Docência tem, além de oito temas que intitulamos no currículo como Micros Manifestos, um formato inédito na organização da estrutura curricular a ser disponibilizada semestralmente às três licenciaturas.
Com uma carga semestral de 20 horas, durante uma semana inteira, os alunos são imersos num amplo conteúdo debatido em vários formatos, seja oral, áudio visual e sempre com características interativas. A curadoria dos temas prevê a vinda de diversos especialistas renomados no assunto para uma interação em diversos formatos com todos os alunos da faculdade.
Cultura e Educação, Investigação e Pesquisa, Compromisso com a Educação Pública, Ética, Solidariedade e Intervenção Social, Desenvolvimento Integral/Autoconhecimento, Sustentabilidade Humana, Cidades e Territórios e Culturas Digitais são os temas a serem trabalhados nos oito semestres que organizam as três licenciaturas.
A inclusão desses temas contemporâneos tem como objetivo aumentar o repertório dos alunos/futuros professores, além de possibilitar a reflexão sobre questões fundamentais de nosso tempo.
Nesse aspecto, a falta de relação direta, que muitos desses temas têm com o universo do mundo da educação, tem sido um dos desafios desse aspecto inovador da nova matriz curricular.
Acabamos de concluir a terceira edição da disciplina, que teve início no primeiro semestre de 2017, e já podemos afirmar que a resposta dos alunos a ela tem sido muito positiva no sentido de que os vimos inteiramente engajados em conteúdos até então estranhos à formação do docente.
Relacionarem-se com especialistas e conteúdos multidisciplinares configura-se como um aspecto enriquecedor e formulador de um novo perfil profissional.
Temos muito a comemorar, mas muito a organizar ao estruturar uma perspectiva formativa que situe esse ainda jovem profissional em um universo multicultural e diverso para que ele tenha as condições mínimas de enfrentar os desafios da atualidade que se impõem a cada dia em todo meio social.
Para saber mais: http://institutosingularidades.edu.br
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Lucia Couto é Mestre em Educação – Currículo (PUC-SP). Trabalhou nas prefeituras de Diadema e Ribeirão Pires como gestora de políticas públicas em educação.