Você nasceu antes dos anos 1990? Se a resposta for positiva, você certamente se lembra de como era o mundo pré-internet e de como a Educação a Distância (EAD) era vista pela classe média brasileira.
As referências mais conhecidas de ensino não-presencial na década de 1980 eram os cursos profissionalizantes, que eram exibidos na televisão às 6h da manhã, ou as aulas de violão por correspondência, que eram anunciadas em encartes publicitários dos gibis.
Para muitos brasileiros, especialmente os que viviam em pequenas cidades ou nas periferias das metrópoles, esses eram caminhos legítimos – quando não os únicos – para se obter instrução.
Porém, as pessoas que tinham condições de estudar presencialmente, em geral, torciam o nariz para essa possibilidade de não compartilhar o espaço com o professor. Aqui e ali, nas conversas sobre o tema, surgiam comentários de que Educação a Distância era para “quem não estudou na idade certa” ou para quem se demonstrava inapto a acompanhar um curso presencial. “Esse aí ganhou o diploma em curso por correspondência”, dizia-se, quando se queria criticar a competência de um profissional.
A nova EAD
Trinta anos depois, o cenário se transformou. A popularização da internet e o surgimento de dezenas de plataformas de cursos on-line contribuíram para que a qualidade dos cursos e as possibilidades de aprendizagem se ampliassem imensamente. Como reflexo, a percepção sobre a Educação a Distância (agora chamada EAD) tornou-se mais favorável do que antes.
Somado a isso, veio o aumento da exigência por qualificação contínua em diversas áreas do conhecimento, inclusive na educação. Ninguém bem informado acredita que, hoje, basta obter um diploma universitário – geralmente aos vinte e poucos anos de idade – para se ter sucesso e estabilidade por toda a carreira.
Pós-graduação, especializações e cursos livres tornaram-se essenciais para alcançar mais conhecimento e também postos mais altos, nas profissões de melhor remuneração. Mesmo os alunos que se formaram nas universidades de maior prestígio do país precisam continuar estudando até o fim da carreira, se quiserem progredir.
Um terceiro fator que contribuiu para uma nova relação da classe média com a EAD no Brasil, é o fato de que a própria classe média mudou. Ainda que se discuta se a definição de classe média atual é adequada ou não, fato é que o acesso à educação básica se universalizou.
Além disso, mesmo que ainda tenhamos muito a avançar nesse sentido, uma proporção maior de brasileiros tem acesso, hoje, ao Ensino Médio e mesmo ao Ensino Superior, do que há 10 ou 20 anos.
Só para citar alguns dados, de 2000 a 2010, a proporção de brasileiros com diploma universitário subiu de 4,4% para 7,9%. Em 2015, alcançou 14%. Só entre 2007 e 2017, por exemplo, o número de estudantes universitários no país cresceu 68%, em boa medida graças ao avanço da EAD, que saltou de 7% para mais de 21% das matrículas totais no ensino superior, nesse mesmo período.
Mais do que isso, a chamada “nova classe média” (ou “classe C”, na nomenclatura dos anos 2000) valoriza a educação como caminho para a melhoria das condições de vida e se desdobra para pagar um curso de inglês ou uma faculdade, na expectativa — às vezes verdadeira, às vezes, não – de que isso possibilitará uma remuneração maior.
Existe, portanto, uma demanda maior por ensino não-presencial de nível mais elevado no Brasil atual. Além disso, os meios para se acessar essa aprendizagem estão muito mais popularizados e a oferta de cursos é incomparavelmente maior e melhor.
Se antes EAD era sinônimo de “telecurso de madrugada” em substituição à escola básica que o Estado falhou em dar, atualmente os cursos virtuais estão disponíveis quando e onde o aluno quiser, e com qualidade tão boa quanto os presenciais.
Nesse contexto, cabe destacar o papel dos professores que estão engajados no Ensino a Distância. Há cada vez mais cursos ministrados por professores que, além de doutorado ou pós-doutorado em suas áreas, também possuem treinamento específico ou experiência em cursos não-presenciais.
A qualificação dos docentes foi um ponto chave para o aumento da qualidade dos cursos e, certamente, será sempre um fator decisivo para o sucesso da EAD.
Estatísticas do Veduca exemplificam a mudança da EAD
Um sinal dessa transformação na percepção da classe média brasileira sobre a EAD aparece nas estatísticas do Veduca, negócio social que oferece oportunidades de aprendizado on-line e desenvolvimento de habilidades humanas.
Cerca de três em cada quatro alunos que se inscrevem em nossas aulas declaram já ter completado ou estar cursando o ensino superior.
Além disso, tanto os cursos certificados mais procurados em nosso site, onde os cursos são pagos (sempre por um valor acessível), quanto os conteúdos mais vistos no canal do Veduca no YouTube, onde oferecemos uma gama variada de conteúdos, relacionam-se a temas que dizem respeito aos profissionais que alcançaram um certo patamar na hierarquia das empresas ou aos que esperam alcançar esse patamar. É o caso dos cursos de Gestão de Pessoas, Liderança e Comunicação.
A profusão de plataformas de cursos on-line sobre temas similares parece confirmar essa tendência. Também percebemos essa demanda, em nossas conversas frequentes com executivas e executivos de Recursos Humanos de empresas líderes em seus setores.
Ouvimos constantemente que as companhias anseiam por conteúdos capazes de despertar reflexão e possibilitar o desenvolvimento das novas competências que o mercado de trabalho exige.
Recentemente, o Veduca viu um exemplo adicional do envolvimento de profissionais com muitos anos de estudo e de empresas de ponta com o universo da EAD.
Trata-se do fato de uma companhia como a Serasa Experian, referência em soluções para crédito e gestão de risco, patrocinar o curso LGBT+: Conceitos e Histórias, disponível no Veduca.
A empresa mostrou compreensão de que conteúdos educativos virtuais podem cumprir um papel importante na disseminação de informação e na construção da cidadania. Graças a isso, podemos disponibilizar esse curso de graça em nosso site, e ainda oferecer uma certificação ao aluno aprovado no teste final.
Consequências da mudança na relação com a EAD
Especialistas em educação deixam claro que a EAD não substitui o ensino presencial e que esta nem deve ser sua proposta, mas sim a de complementar o conhecimento. O papel do Estado de oferecer educação de qualidade para todos, bem como o papel do professor em sala de aula, tornaram-se mais importantes do que nunca.
Tentar adotar a EAD como projeto de precarização do ensino presencial, especialmente nos níveis básicos de educação, é o caminho oposto ao que acreditamos ser o ideal.
O que a EAD pode trazer ao cenário, isso sim, é uma excelente complementação a outras modalidades de educação. Com os novos formatos que empresas como o Veduca e outras criaram, ganham espaço possibilidades de aprendizagem continuada que sequer existiam duas décadas atrás.
Além disso, formou-se um grupo de docentes capacitado por meio de diversos treinamentos – e da própria prática – para tornar seus conteúdos cada vez mais atrativos na sala de aula virtual.
Para quem já participa do mercado de trabalho ou está a poucos passos de nele entrar, por exemplo, a EAD oferece flexibilidade de horários, locais e ritmo de estudos. Muitas vezes, isso faz a diferença entre poder estudar ou não.
À medida que também a classe média se abre às possibilidades da Educação a Distância, crescem as possibilidades de o país contar com uma mão de obra mais qualificada e cidadãos mais conscientes.
Isso não significa, é claro, que todas as outras medidas de melhoria da educação no país devam ser esquecidas. A aprendizagem tem que ser uma prioridade nacional, em todas as idades, para todas as classes sociais e por meio de todos os canais que se mostrarem eficientes.
A EAD se ampliou, ganhou professores cada vez mais especializados e provou ser uma ótima opção para enriquecer o cardápio de possibilidades educacionais à disposição da sociedade brasileira.
Marcelo Mejlachowicz é CEO e Fundador do Veduca.
Para saber mais: http://institutosingularidades.edu.br/
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