O que geografia e matemática têm em comum? Num primeiro momento, pouco: uma é da área das humanas, a outra das exatas, certo? Mas olhemos com mais profundidade: imagine uma área complexa, como a cartografia, sem a união de elementos matemáticos ou geográficos. Seria possível que ela existisse sem essa parceria?
Esta provocação foi o início da palestra do professor Fernando Bianco Solano, geógrafo e professor das licenciaturas em Letras e Matemática do Instituto Singularidades. Conversamos com o docente sobre o evento (que aconteceu no dia 30 de março) e como as duas áreas de conhecimento se complementam à perfeição.
A um primeiro olhar, matemática e geografia são duas disciplinas diametralmente opostas. Qual foi o seu argumento (ou metáfora) para mostrar aos presentes no Portas Abertas da sua complementaridade?
Essa pergunta me fez lembrar de uma chamada que gravei com o Professor Elton Viana para um curso on-line que oferecemos no ano passado, no Singularidades. Na ocasião, fizemos algumas metáforas mostrando que que a Geografia e a Matemática combinam, e que a alfabetização cartográfica é um dos conhecimentos que possibilita uma integração ou aproximação entre essas duas áreas do currículo.
Por que a cartografia é um dos exemplos mais bem acabados deste encontro?
A trajetória histórica da cartografia revela uma íntima relação entre os conhecimentos que designamos hoje com sendo de Matemática e Geografia, pois boa parte da base conceitual da cartografia está na Matemática, permitindo o desenvolvimento de situações de aprendizagem significativas.
Compreender questões de distância geográfica – por exemplo, calcular quanto tempo se leva para percorrer um determinado número de quilômetros, passando por tais e tais países, comentando as especificidades de cada um destes lugares (alguns mais altos, outros mais baixos, por exemplo) seria outro exercício?
Vamos lá! A geografia estuda o espaço geográfico, que é o espaço vivido e ocupado pelos seres humanos e, para entender e analisar os fenômenos espaciais, a cartografia apresenta-se como o melhor recurso.
Por meio dos mapas e maquetes é possível desenvolvermos o chamado raciocínio espacial, que é pensarmos sobre os lugares de forma complexa, relacionando os aspectos físicos, sociais e culturais. Nessa relação é imprescindível os aspectos quantitativos, distância, altimetria, as coordenadas geográficas, entre outros.
Que outras formas você usa com os seus alunos no Singularidades para tornar esta relação entre as suas disciplinas ainda mais palpável?
No desenvolvimento da disciplina de Representações Espaciais no curso de Matemática, propomos atividades práticas, passando por levantamentos planimétricos, altimétricos, a utilização de aplicativos de realidade aumentada e outros programas computacionais.
Como foi a recepção dos visitantes e estudantes que estiveram no evento?
Recebemos um público bastante diversificado, com matemáticos, geógrafos e pedagogos de muitas partes do Estado de São Paulo. Lembro-me de um grupo de São José dos Campo que relatou o descontentamento com a falta de cursos formação continuada que abordasse o tema. No geral tivemos um retorno muito positivo do grupo, com diversos elogios nas redes sociais e por e-mail.
Fernando Bianco Solano é professor das licenciaturas de Letras e Matemática do Instituto Singularidades
Para saber mais: http://institutosingularidades.edu.br/novoportal/
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