Mais atuais que nunca, os memes, gifs e fake news fazem parte do cotidiano de gente de todas as idades, e não apenas dos adolescentes e crianças. Muitas vezes, esses recursos podem não ser acompanhados pelos professores – e às vezes nem pelos alunos, porque giram muito rápido. Mas como trabalhar com estes elementos de maneira que façam sentido em sala de aula?
Estas novas formas de expressão são exemplos de materiais cada vez mais úteis para discussões em ambientes educacionais, além de transpor conteúdos complexos para formas mais simples e próximas do cotidiano do estudante.
Miguel Thompson, diretor executivo do Instituto Singularidades, salienta a importância dos professores colocarem esses temas em sala de aula: “Cada vez mais se quer discutir linguagens. A gente não quer mais ficar falando do iPad, da lousa eletrônica e do celular, mas dos conteúdos que estão lá dentro e são mais apropriados para um destes dispositivos”, explica.
O professor Felipe Saldanha, que ministra o curso on-line “Narrativas Gráficas”, do Instituto Singularidades, inclui o tema em suas aulas ao lado da “arte sequencial” (ou mais conhecida como história em quadrinhos, as HQ’s), além de charges e caricaturas.
Felipe explica que, no caso dos memes, é importante ficar atento à sua durabilidade (geralmente muito curta) e no tipo de mensagem que querem passar (nem sempre confiável ou verdadeira). Os gifs, por sua vez, são muitas vezes derivados dos memes, e igualmente pouco perenes.
“Muita gente pensa que meme e gif são apenas para brincadeiras, mas tratamos esse assunto durante o curso de uma maneira mais analítica, dentro do que eles podem contribuir para a sala de aula”, explica Felipe.
Miguel acredita, ainda, que estamos diante de novas ferramentas de interpretação e também de protagonismo para os alunos “Este universo das HQ’s, dos memes e dos gifs está muito em moda. No ano passado, nós do Singularidades fomos à Comic Con Experience e pudemos constatar isso in loco. O desafio é coletar um tipo de linguagem e transpor para outro, e desafiar nossos alunos a fazerem o mesmo”, avalia o diretor.
Outro ponto importante – e que está conectado aos memes e aos gifs – sobre o qual os professores devem estar atentos, são as notícias falsas, ou fake news no inglês. Felipe explica que prefere usar a terminologia criada pela jornalista Clair Wardle, que chama este tipo de fenômeno de “desordem de informação”.
“A gente acompanha várias nuances sobre as notícias falsas: às vezes é uma imagem verdadeira, nas num contexto totalmente errado e distorcido; ou um conteúdo que às vezes é completamente fabricado. Há algumas ferramentas para saber se uma imagem é autêntica ou não, conta o professor.
Estar por dentro destas novas manifestações de comunicação e cultura e acrescentá-las aos planos de aula que serão derivados da nova BNCC pode ser uma oportunidade excelente para os professores. Oferecer conteúdos mais instigantes, aumentando o engajamento e a participação de aula nos projetos propostos é um jogo que torna o ensino mais divertido e em que todos, alunos e professores, saem ganhando.
Felipe Saldanha é doutorando em Ciências da Comunicação pela USP , mestre em Tecnologias da Informação pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e graduado em jornalismo pela mesma instituição. É professor no Instituto Singularidades.
Para saber mais: http://institutosingularidades.edu.br/novoportal/
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