Após algumas voltas pelo grande evento Comic Con Experience (CCXP), acontecido no final do ano passado, nota-se fortemente a presença de grandes indústrias que produzem materiais de videogames, histórias em quadrinhos, filmes e séries.
E então, reflito: “Quem quando criança não se aproximou dessas variadas culturas? Ou ainda me questiono: “Por que, no decorrer dos anos prolongados de infância, adolescência e vida adulta, nos separamos de algo que tanto apreciávamos?
Fato é que, por algum motivo, muitos de nós nos distanciamos daquilo que era prazeroso e preenchia nossas horas livres, que faziam do compasso do relógio momentos felizes, que hoje nos trazem nostalgia.
Talvez seja por isso que sempre alguém menciona que essa tendência é coisa já passada, quando comentamos gostar de certas coisas e já atingimos uma certa idade, em que isso é visto de outra maneira.
Por que deveríamos rotular uma cultura? Antes de pressupor qualquer coisa, seria interessante nos aproximarmos dela para conhecê-la melhor, independentemente da idade que possuímos. No meu caso, o enfrentamento de um pensamento socialmente contrário (ou o desejo pela quebra do paradigma) foi uma das motivações para visitar o evento.
Na rua Q (o evento é dividido em diversas ruas), conversei com um garoto que vestia-se de Naruto.
– Ei, boa tarde. Posso tirar uma foto com você? – disse a ele.
– Pode sim, claro – respondeu o cosplayer.
– Antes, me responda: o que vem à sua mente se eu te perguntar o que o Naruto é para você? – indaguei, curioso.
– Além de um desenho, o Naruto é um personagem ninja que sonha e luta pelo reconhecimento e por um dia se tornar Hokage (líder de sua vila) – explicou entusiasmado.
– Imagino que para você também seja uma história de superação, não? Recordo vagamente, ao acompanhar o desenho na televisão, que Naruto (personagem principal) cresceu sem os pais, e tirou disso força suficiente para alcançar os seus objetivos – tornei a completar com aquilo que ainda havia em memória.
A saga de um personagem também pode ser a nossa
Vejamos: quantos de nós não somos Naruto também, pela aspiração de a cada dia nos tornarmos melhores e conquistarmos os nossos objetivos na sociedade? Ainda assim, questiono, quantos dos nossos alunos não são este personagem também, ao crescerem sem os pais, e mesmo assim buscarem desenvolverem-se integralmente?
A maioria das pessoas consegue tirar algo de bom da cultura que acompanha. Penso que analisarmos e conhecermos o que rodeia as nossas crianças e os nossos jovens resulte em um rico conhecimento, que pode facilmente ser usado como referências, menções e exemplos na aplicação dos nossos planejamentos pedagógicos e vivências em sala de aula.
Eu por exemplo, como simples estudante de Pedagogia, reconhecendo que os alunos não aprendem por meio de um único meio, pretendo me aproximar dessa linguagem tão presente em suas vidas e vinculá-las a conteúdos no ambiente escolar.
Fui uma criança que não entendia tudo facilmente como as outras, mas se me ensinassem em formato de história compreendia facilmente os assuntos. Penso que possa estar faltando essa sensibilidade em muitos de nós educadores.
Devemos sempre ter em mente que ninguém aprende da mesma forma. Há situações e questões que contribuem para um melhor aproveitamento e entendimento de uma temática. É aí que está a significância e desejo de aprender dos nossos alunos.
Se nos tornarmos dispersos, ignorando a linguagem que se apropriam, estaremos nos distanciando a cada dia de ajudá-los, e isso se aproxima não somente de questões escolares, mas de vida. Não somos meros educadores, mas ocupamos também os papeis de psicólogo, assistente social e, acima de tudo, amigo.
Henrique de França Pereira é aluno do 4º semestre de Pedagogia no Instituto Singularidades
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