Quando se fala em metodologias pedagógicas modernas e que valorizem o estudante em sua individualidade, o construtivismo logo nos vem à mente. Hoje universal, teoria do desenvolvimento foi criada pelo psicólogo e educador suíço Jean Piaget. Seus detalhados estudos a respeito do desenvolvimento intelectual e cognitivo das crianças exerceram uma influência definitiva na psicologia evolucionista e na pedagogia moderna.
Nascido em Neuchâtel no final do século XIX (1896), Piaget era filho de Artur Piaget, professor de língua e literatura medievais, e de Rebeca Suzane, uma das primeiras socialistas suíças. Graduou-se e fez um doutorado em biologia na universidade de sua cidade natal.
A partir de 1919, ele começou a trabalhar em instituições psicológicas em Zurique (onde teve contato com a psicanálise, por meio do contato com Eugène Bleurer e seu assistente, Carl Gustav Jung) e Paris, onde estudou psicologia na Universidade de Sourbonne.
Na capital francesa, Piaget colaborou com Théodore Simon e Alfred Binet, psicólogos franceses que ficaram conhecidos por terem criado o primeiro teste de inteligência. Foi lá que ele deu início a suas pesquisas sobre o pensamento infantil e a forma de raciocinar das crianças menores.
Foi nomeado coordenador do Instituto Jean-Jacques Rousseau e publicou um ciclo de cinco publicações: A linguagem e o pensamento na criança (1923); O raciocínio da criança (1924); A representação do mundo na criança (1926); A causalidade física na criança (1927); e O julgamento moral na criança (1931).
Paralelas às suas atividades como pesquisador, Piaget se dedica à docência e assumiu as disciplinas “Filosofia da Ciência, de Psicologia e de Sociologia” na Universidade de Neuchâtel, sua alma mater. Em 1929, passou também a lecionar “História do Pensamento Científico”, e continua ensinando “Psicologia da Criança” no Instituto Jean-Jacques Rousseau.
No mesmo ano, Piaget se tornou diretor do Bureau International de L’Education, que tinha vínculo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco, na sigla em português). Os anos 20 foram importantes também na vida pessoal do educador, já que em 1924 ele se casa com Valentine Châtenay e com ela tem seus três filhos Jacqueline, Lucienne e Laurent.
A observação do crescimento de seus filhos foi uma forte base para vários estudos sobre psicologia infantil realizados por Piaget, que a partir deles desenvolveu uma teoria da inteligência sensório-motora, que descrevia o surgimento espontâneo de uma inteligência prática.
Para Piaget, os princípios da lógica começam a se desenvolver antes da linguagem, quando o bebê inicia sua interação com o ambiente. Piaget estabeleceu uma série de etapas no desenvolvimento da inteligência, o que ficaria conhecida como Teoria Cognitiva.
O primeiro estágio seria o das inteligência sensório-motora, que vai até idade de 1,5 ou 2 anos. É anterior ao desenvolvimento da linguagem e do próprio pensamento.
O seguinte estágio é a pré-operatória, que abrange dos dois aos sete anos. Nela nasce o pensamento pré-operatório: a criança pode representar os movimentos sem executá-los, jogar simbolicamente e tender ao egocentrismo. A partir dos 4 anos, surge o pensamento intuitivo.
As operações intelectuais concretas constituem o terceiro estágio, que vai dos sete aos 11 ou 12 anos; e o quarto, o das operações formais abstratas, é quando há a formação da personalidade e da inserção afetiva e intelectual na sociedade adulta, a adolescência.
Embora Piaget tenha estabelecido idades para essas etapas, cada criança tem seu ritmo e certas características podem se adiantar, atrasar ou mesmo sobrepor em um determinado momento.
Jean Piaget ocupa um dos lugares mais importantes da psicologia contemporânea, principalmente no que se relaciona aos estudos sobre desenvolvimento infantil. Nenhum estudioso da história descreveu o processo de desenvolvimento que acontece entre o nascimento e a adolescência de uma pessoa com o mesmo de detalhe que ele o fez.
A influência de seu trabalho com psicologia infantil chegou a nomes como Henri Wallon, educador francês que estudou a influência da afetividade no desenvolvimento das crianças, e até mesmo psicanalistas como Erik Erikson, um dos teóricos da Psicologia do Desenvolvimento.
Por conta de seus estudos e pesquisas, as universidades de Harvard, Paris, Bruxelas e Rio de Janeiro concederam-lhe o título de doutor honoris causa. Depois de dedicar sua vida ao estudo do desenvolvimento infantil, Piaget morreu aos 84 anos, em Genebra, em 1980.
O construtivismo
A aprendizagem por meio da interação do indivíduo com o meio é a alma do construtivismo desenvolvido por Jean Piaget. Esta teoria recebeu aportes de outros pedagogos, psicólogos e educadores, como o russo Lev Vygotsky e Emilia Ferreiro, argentina seguidora do educador suíço. Ferreiro é um nome dos mais importantes, por haver levado essa linha pedagógica para a alfabetização infantil.
De acordo com seus criadores e educadores que o aperfeiçoaram com o passar do tempo, os principais pontos do construtivismo são os seguintes:
1 – O aluno ocupa o centro do processo de aprendizagem.
2 – O professor não atua apenas como um transmissor de informações, mas como um facilitador e orientador do processo de aprendizagem. É dele a função de colocar a criança diante de situações práticas ou teóricas de soluções de problemas, que as estimulem a formar seu conhecimento.
3 – Cada aluno tem um nível de amadurecimento, desenvolvimento e conhecimento, que deve ser levado em conta durante o processo de aprendizagem.
4 – A busca por outros conhecimentos e conceitos também deve ser estimulada pelo professor-facilitador.
5 – Aprender é um processo que acontece aos poucos, construído tijolo por tijolo. Conhecimentos e conceitos anteriores são a base para a construção dos outros que seguirão.
6 – Diferentemente dos métodos tradicionais, mais estáticos, no construtivismo o ensino acontece em um processo dinâmico.
7 – O conhecimento não é compreendido como reprodução da realidade, mas sim uma reconstrução dela e dos temas que estão sendo ensinados na escola.
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