A pandemia da Covid-19 chamou ainda mais a atenção para o cuidado com a saúde mental e a exaustão. O isolamento, o excesso de trabalho e estudo remoto, além do medo de contrair a doença fez com que muitas pessoas enfrentassem níveis de ansiedade, estresse e depressão altos. E a melhor forma de lidar com essas enfermidades é buscando ajuda.
A promoção da saúde mental e prevenção ao suicídio são os temas da campanha Setembro Amarelo, que acontece no Brasil desde 2003. Durante este mês, acontecem diversos eventos presenciais e on-line, nos quais os participantes podem compartilhar seus sentimentos e tirar suas dúvidas sobre este assunto tão importante.
Uma boa forma de fazê-lo é por meio da discussão de filmes na escola. As questões relativas à saúde mental são temas abordados frequentemente no cinema, sob diferentes olhares e estilos, possibilitando múltiplas interpretações aos espectadores. A seguir, trazemos cinco longa-metragens que podem gerar discussões potentes em sala de aula, entre turmas dos últimos anos do Fundamental e do Ensino Médio.
1 – Uma Mente Brilhante
País: Estados Unidos
Ano: 2001
Direção: Ron Howard
Duração: 2h14min
Um filme que mostra que os limites entre transtornos mentais e a genialidade é bastante tênue, “Uma Mente Brilhante” conta a trajetória do matemático John Nash, vivido na tela por Russell Crowe. O filme é baseado na vida real de Nash, que aos 21 anos formulou o Teorema de Imersão de Nash, um trabalho da área da Teoria dos Jogos (matemática aplicada) que o tornou conhecido no meio acadêmico-científico.
Entretanto, com o passar do tempo, Nash, conhecido por seu temperamento excêntrico, começou a sofrer de alucinações, medos abruptos, e relatava estar sendo perseguido por extraterrestres ou espiões estrangeiros.
Depois de viver anos de instabilidade emocional em companhia de sua esposa, Alicia (Jennifer Connelly) e, consequentemente, profissional, ele foi diagnosticado como portador com esquizofrenia paranoide, depressão e baixa autoestima no final dos anos 50, e foi tratado com eletrochoques e medicamentos. Nash passou quase 20 anos alternando-se em instituições psiquiátricas, até que conseguiu, pouco a pouco, recuperar sua vida normal e ser reconhecido por suas conquistas como matemático. Ele recebeu um Prêmio Nobel em sua área em 1994, que celebrava suas conquistas e pesquisas.
2 – Cisne Negro
País: Estados Unidos
Ano: 2010
Direção: Aaren Aronofsky
Duração: 1h43min
Aberto a várias interpretações e ideal para a discussão do esgotamento mental e da paranoia, “Cisne Negro” apresenta Nina (Natalie Portman), bailarina de uma prestigiada companhia de dança, que com a saída da principal estrela do grupo, Beth (Winona Ryder), assume esta posição e a oportunidade de ser a estrela do clássico “O Lago dos Cisnes”.
Quando isso acontece, sua fragilidade emocional ganha outras proporções. Ela tem um relacionamento abusivo com a ex-bailarina Erica, sua mãe (Bárbara Hershey), que além de tratá-la de forma infantil, vê na filha a solução de suas frustrações por ter sido obrigada a abandonar a carreira para criá-la. A relação com o diretor da companhia (Vincent Cassel), marcada pelo abuso moral e sexual, também a empurra para um estado mental crítico.
Tudo piora com a chegada de um novo membro ao grupo, Lilly (Mila Kunis), que passa a ser sua grande rival. O ambiente já tóxico da companhia torna-se cada vez mais assustador, e Nina, cada vez mais obcecada com Lilly e com a perfeição, já não consegue mais diferenciar o real do imaginado, sofrendo de paranoias e alucinações.
3 – Nise – O coração da loucura
País: Brasil
Ano: 2016
Direção: Roberto Berliner
Duração: 1h48min
Uma reflexão sobre a psiquiatria e as práticas manicomiais que infelizmente ainda existem no Brasil, o filme relembra a batalha da médica Nise da Silveira, nome fundamental quando se fala de saúde mental e psiquiatria no Brasil. Nise foi uma das precursoras no combate a formas agressivas e desumanas de tratamentos contra este tipo de distúrbio, que eram praticadas em todo o mundo em meados do século XX. Foi também uma das primeiras mulheres a atuarem na psiquiatria no país e aluna de Carl Jung, um dos pais da psicanálise.
O filme se foca no período em que a médica (Glória Pires) atuou no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, em Engenho de Dentro, no subúrbio da cidade do Rio de Janeiro, no fim dos anos 40. Lá ela se envolveu fortemente na luta contra tratamentos abusivos, como eletrochoques e lobotomias. Por se negar a aplicar este tipo de tratamento, que era muito usado nas enfermarias de então, foi transferida para a área de terapia ocupacional, que era menosprezada pelos médicos.
Nise fez da punição uma oportunidade de repensar este tipo de terapia, e passou a usar a arte como forma de tratamento. Ali ela criou ateliês de pintura e modelagem, que permitiam que os pacientes se expressassem artisticamente, prática que foi um marco no tratamento psiquiátrico oferecido no Brasil até aquele momento.
4 – As Vantagens de Ser Invisível
País: Estados Unidos
Ano: 2012
Direção: Steven Chbosky
Duração: 1h43min
Ideal para se discutir as dificuldades da saúde mental adolescente e o processo de crescimento, o filme é baseado no livro homônimo de Stephen Chbosky, que também dirigiu e escreveu o roteiro.
Na trama, Charlie (Logan Lerman) é um menino de 15 anos que volta à escola depois de sofrer de depressão, surgida depois de perder o melhor amigo, que se suicidou. Charlie sente-se desconfortável e perdido, e num primeiro momento consegue se aproximar apenas de seu professor de inglês (Paul Rudd).
Empenhado em fazer amizades, ele conhece Patrick (Ezra Miller) e sua meio-irmã Sam (Emma Watson) na escola e passa a passar mais tempo com eles. Essa conexão ajuda Charlie a revisitar episódios dolorosos do seu passado e, aos poucos, encarar seus traumas e seguir adiante.
5 – Divertida Mente
País: Estados Unidos
Ano: 2015
Direção: Pete Docter
Duração: 1h34
Divertida Mente é uma animação da Pixar Studios/Disney que mostra como cada sentimento é necessário, que não existem emoções boas ou más, e que todas devem ser vividas e compreendidas.
Na história, Riley é uma garota de 11 anos de idade, que deve enfrentar mudanças importantes em sua vida quando seus pais decidem deixar a sua cidade natal, em Minnesota, para viver em San Francisco.
Dentro do cérebro de Riley – mostrado no filme como uma grande fábrica – convivem várias emoções diferentes, como a Alegria, o Medo, a Raiva, o Nojo e a Tristeza. A Alegria está sempre à frente, fazendo todos os esforços para que a vida da menina seja sempre feliz.
Mas uma confusão na sala de controle da fábrica-cérebro faz com que Alegria e Tristeza sejam expulsas da sala. Para voltarem ao controle, elas precisam percorrer as várias ilhas existentes nos pensamentos de Riley, e reorganizar os sentimentos da menina.
Já trabalhou com algum destes filmes com os seus alunos e alunas? Compartilhe suas práticas conosco!
Para saber mais: http://institutosingularidades.edu.br/novoportal/
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