Atualmente muita gente vive sob um constante mal-estar que atrapalha – e muito – as atividades cotidianas. Essa sensação pontual ou frequente pode ser chamada de cansaço, depressão, burnout, ansiedade ou, mais comumente, estresse. E no universo docente isso não é diferente: é uma das maiores causas de afastamento de professores do trabalho em todo o território brasileiro, de acordo com o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope).
Segundo a psicoterapeuta, filósofa e pesquisadora Carla Ferro, na nossa cultura essas experiências são compreendidas antes de tudo como um risco para o desempenho profissional e social. E por essa razão são tratadas como algo a ser rapidamente apaziguado e eliminado, de modo a não comprometer a produtividade.
“No caso particular dos docentes, a necessidade de adaptar a matéria-prima de seu trabalho – a capacidade de pensar e produzir conhecimento – às exigências formais da profissão, muitas vezes restritivas, costuma agravar esse mal-estar”, comenta Carla. “E, embora estejam cotidianamente expostos às oscilações emocionais e psíquicas de seus alunos, lhes é exigido que seus próprios estados mentais não interfiram no processo educativo.”
Carla é a convidada do evento “Conversas sobre Educação: a Angústia Docente”, que acontecerá no Instituto Singularidades, no dia 12 de abril. Você pode comprar seu ingresso e saber mais informações aqui.
Angústia e docentes: o que a dor tem a dizer?
Como consequência de seu extenso estudo sobre a angústia, Carla Ferro considera importante escutar o que esse sentimento tem a dizer àqueles a quem acomete. “Esta angústia quer dizer talvez duas coisas: por um lado, ela traz à cena a pessoa, que, para além de sua atuação profissional, é também palco de uma vida psíquica e intelectual ativa. Assim, a angústia nos obriga a olhar para o que, até então, estava sendo negligenciado, relegado a um segundo plano”, analisa. “Por outro lado, o mal-estar revela também como as condições de trabalho do educador podem se tornar hostis à liberdade de pensamento.”.
A angústia pode ser mais dificilmente contida em momentos como o atual, em que há uma forte intervenção por parte do governo e da opinião pública sobre a capacidade de pensar, que infelizmente se reflete na forma com que o professor se expressa e passa seus conteúdos no ambiente escolar.
O objetivo dos encontros quinzenais no Instituto Singularidades é olhar de perto para a angústia docente e para o que ela revela sobre as condições de atuação do educador. Mas, além disso, refletir sobre a nossa cultura e o modo de vida contemporâneo.
Em uma época de respostas rápidas a problemas duradouros, esse espaço abraçará angústia, compreendendo-a como a expressão de uma potência de transformação inerente à vida.
Carla Ferro é psicoterapeuta, filósofa e pesquisadora em ética e educação
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