Quantos livros questionando o racismo estrutural — sejam teóricos ou de ficção — você leu nos últimos anos? E quais você trouxe para a sua prática pedagógica? Como parte do Novembro Negro no Singularidades, fizemos uma seleção de cinco obras contemporâneas que refletem sobre esta marca vergonhosa da sociedade brasileira, que felizmente vem sendo alvo de debates e lutas. Confira a nossa lista e traga estas obras para suas trocas em sala de aula.
Por um feminismo afrolatino-americano, Lelia González
Filósofa, antropóloga, professora, escritora, militante do movimento negro e feminista precursora, Lélia González foi uma das mais importantes intelectuais brasileiras do século XX. Ela teve uma atuação decisiva na luta contra o racismo estrutural e na articulação das relações entre gênero e raça em nossa sociedade.
Nesta obra, a antropóloga, socióloga, historiadora, filósofa e militante do movimento negro fala sobre racismo estrutural, sexismo, capitalismo, colonialismo, mercado de trabalho, formas de resistência cultural, entre outros temas urgentes. Um livro fundamental para se entender o feminismo na América Latina – ou “Améfrica Ladina”, expressão criada por Lélia para definir a região, unindo as raízes africanas e ibéricas da região.
Racismo Estrutural, Silvio Almeida
O conceito de racismo institucional apareceu pela primeira vez no livro Black Power escrito nos anos 70 pelos autores Kwame Turu e Charles Hamilton. Nesta obra, os autores apontam o racismo como muito mais do que a ação de indivíduos com motivações pessoais, mas algo que está incrustado nas instituições e na cultura, gerando condições deficitárias a priori para boa parte da população.
É a partir deste conceito que o advogado e autor Silvio Almeida apresenta dados estatísticos e discute como o racismo está na estrutura social, política e econômica da sociedade brasileira, neste livro que já é um clássico dos novos tempos no Brasil.
Um defeito de cor, Ana Maria Gonçalves
Este romance histórico conta a história de Kehinde, uma africana idosa, cega e à beira da morte, que viaja da África para o Brasil em busca do filho perdido há décadas.
A trajetória de Kehinde é contada desde a sua infância, quando ela foi raptada e levada como escrava para o Brasil, até sua volta para a terra natal, depois de alforriada. A trama é a recriação ficcional da história de Luísa Mahin, mãe do poeta Luís Gama, que participou da Revolta dos Malês, na Bahia. É um relato da resistência, que reconstrói vários aspectos da história afro-brasileira de maneira muito forte.
O Genocídio do Negro Brasileiro: processo de um racismo mascarado, de Abdias do Nascimento
Abdias Nascimento, uma das maiores referências na defesa dos direitos dos negros no Brasil mesmo após a sua morte, combina testemunhos pessoais, reflexões e críticas, desconstruindo o mito da “democracia racial” e fazendo oposição à versão oficial a respeito da condição negra no Brasil.
Durante a ditadura militar, Abdias foi exilado, e retornou ao país depois da anistia. Além de ter sido ativista pelos direitos das populações negras brasileiras, foi também ator, dramaturgo, professor e político. Foi também um dos principais idealizadores do dia 20 de novembro como o Dia da Consciência Negra.
Pequeno Manual Antirracista, Djamila Ribeiro
Temas como racismo estrutural, negritude, branquitude, cultura, violência racial, desejos e afetos são tratados pela filósofa e ativista Djamila Ribeiro neste livro de forma contundente. Nos dez capítulos que o compõem, Djamila propõe caminhos de reflexão para aqueles que queiram aprofundar sua percepção sobre discriminações raciais e estruturais e assumir a responsabilidade pela transformação do estado das coisas.
Partindo da observação do quanto o racismo está arraigado em nossa sociedade, é responsável por gerar desigualdades e abismos sociais, a autora constata que a luta antirracista tem pressa, e deve ser de todas e todos.
Conte para a gente: como você vem propondo reflexões antirracistas entre suas turmas de estudantes?
Conheça nosso compromisso antirracista: https://blog.institutosingularidades.edu.br/compromisso-antirracista-do-instituto-singularidades/
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