Não é de hoje o estudo sobre a inserção de metodologias ativas na educação, sobretudo por meio do uso das tecnologias digitais no processo ensino-aprendizagem. Desde o final do século passado, com a introdução do uso dos computadores na escola, diversas pesquisas vêm sendo realizadas para identificar estratégias e consequências dessa utilização.
O envolvimento das instituições de ensino, professores e demais profissionais da educação nesse processo de implementação das tecnologias digitais é considerado um desafio, e discussões sobre o tema são recorrentes em diferentes instâncias.
Sabemos que o processo de aprendizagem é único e diferente para cada ser humano, e que as pessoas não aprendem da mesma forma, no mesmo ritmo e ao mesmo tempo.
Metodologias ativas englobam uma concepção do processo ensino-aprendizagem que considera a participação efetiva dos estudantes na construção de conhecimento, valorizando as diferentes formas que os estudantes podem ser envolvidos nesse processo, para que possam desenvolver a autonomia por meio de ações em que assumam uma postura realmente protagonista.
Diferentes possibilidades
Embora não haja consenso em relação a esse objeto de estudo, historicamente avançamos em direção à superação de visões reducionistas que apresentam as metodologias ativas como um conjunto de estratégias que os professores utilizam em algumas de suas sequências didáticas, como uma “receita de bolo”, e que apenas enriquecem as formas de condução das aulas.
Nessa concepção, mais do que esse conjunto de estratégias, o que se espera é que cada vez mais o educador se posicione como um mediador, um parceiro na construção de conhecimentos e que, consequentemente, não se coloque no centro do processo.
Quem está no centro do processo é o estudante e a construção do conhecimento ocorre por meio das relações que este estabelece com o educador, com os pares e com o objeto do conhecimento. No mundo atual, marcado pela aceleração e transitoriedade das informações, o centro das atenções passa a ser o sujeito que aprende, considerando a diversidade e a multiplicidade dos elementos envolvidos nesse processo.
Ao pensar nesses novos papéis, as estratégias metodológicas passam a ser analisadas como possibilidades de avançar, em sala de aula, para além dos conteúdos conceituais de aprendizagem, mas envolvendo conteúdos relacionados a processos e atitudes no planejamento.
Pensamento científico, crítico e criativo, empatia, autoconhecimento são competências importantes que passam a fazer parte do planejamento das aulas não apenas como um efeito colateral, mas como o fio condutor de experiências de aprendizagem.
O Ensino Híbrido configura-se como uma das possibilidades de integração das tecnologias digitais nos planejamentos das aulas. As experiências de aprendizagem planejadas incorporam a construção coletiva de conhecimentos e as tecnologias digitais são consideradas recursos para essas ações colaborativas, são meios, e não fins.
A aula no modelo de Rotação por estações é uma das estratégias muito utilizadas no Ensino Híbrido e favorece a personalização ao organizar os estudantes em grupos heterogêneos e oferecer experiências que mobilizam diferentes recursos cognitivos em atividades colaborativas.
STEAM: abordagem integradora
No curso de pós-graduação em metodologias ativas do Instituto Singularidades, coordenado e idealizado por Lilian Bacich, várias abordagens estão envolvidas na formação dos educadores, muitas delas inspiradas no livro Metodologias ativas para uma educação inovadora, que conta com capítulos escritos por vários professores da instituição.
A abordagem denominada STEAM (que envolve Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática), por exemplo, oferece condições para a integração de vários componentes curriculares com o objetivo de resolver um problema.
Ao trabalhar em grupo, orientados pelo professor, mas com diversas possibilidades de desdobramento de sua ação, os alunos têm oportunidade de colaborar, interagir, construir, testar, repensar. Os alunos contaram, no dia 9 de junho, com oficinas explorando essa abordagem conduzidas por dois professores do curso: Tiago Eugênio e Leandro Holanda.
Lilian Bacich é Bióloga pela Universidade Mackenzie; Pedagoga pela Universidade de São Paulo (USP); Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) e Doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano (USP).
Para mais informações: [email protected]
Saiba mais: http://bit.ly/metodologiasativassingularidades