Uma instituição de ensino bem-sucedida conta com líderes ativos. Assim mesmo, no plural, porque essa é uma função que está presente nas ações de muitos dos envolvidos no ambiente escolar. A partir de um trabalho de liderança compartilhada, é possível obter melhores resultados não apenas na administração da escola, mas, principalmente, em sala de aula.
Essa é a visão da mestre em Linguística Magali de Paula, professora do Curso de Extensão Liderança Escolar do Instituto Singularidades. “A gente tem que entender que o gestor, o líder, não é apenas o coordenador da escola, mas todas as pessoas que atuam dentro da instituição e têm algum tipo de liderança, seja professor, aluno, pai, mantenedor, diretor ou associação. Todas essas pessoas podem e devem atuar como líderes”, explica.
Tal conceito de liderança compartilhada é inspirado no modelo inglês para formação de líderes. Com base neste sistema, o British Council criou o Curso Liderança Escolar, utilizado em muitos países ao redor do mundo. “Quando a gente faz um trabalho direcionado, reflexivo, dialogado, compartilhado, conseguimos ter um efeito cascata: ouvimos nossos colegas, montamos um time adequado ao trabalho, estudamos comportamentos. Tudo isso vai influenciar diretamente o ensino e a aprendizagem do aluno em sala de aula.”
A professora argumenta que diversos estudos demonstram o quanto a liderança é fundamental para o sucesso de uma escola – avaliando especialmente os resultados dos alunos. “Tudo que acontece na escola e entre os professores, até a forma como lidamos com sua formação, tem impacto automático em sala de aula. Escolas bem lideradas apresentam ótimos resultados. Isso é conquistado com um trabalho de liderança compartilhada, não com a liderança que vem de cima para baixo.”
Exemplo que vem de fora
Magali esclarece que é importante compreender as metodologias e experiências utilizadas no sistema educacional inglês e adaptar esse conhecimento à realidade da educação brasileira. O coaching educacional, por exemplo, é uma ferramenta de gestão compartilhada muito utilizada em escolas internacionais.
Ele é formado por três pilares: ouvir atentamente, oferecer feedback não avaliativo e questionar ao invés de responder. “Isso muda a vida de uma escola e é importante para qualquer pessoa com papel de liderança. No sistema inglês, todo professor tem direito a um coach, e aqui nós não temos esse apoio.”
A troca de experiências é outro ponto importante para uma liderança mais eficiente. No sistema britânico, quando um professor se vê diante de um desafio em sala de aula, é natural que peça ajuda ao coordenador ou a um outro colega. Magali conta que o próprio ambiente escolar proporciona e incentiva esse cenário de interação.
No Brasil, diz ela, o mais comum é que colegas de profissão assistam outras aulas apenas para apontar erros e não contribuir com sugestões de melhoria. “No curso de Liderança Escolar, desenvolvemos um trabalho para mudar esse clima na escola e mostrar que o importante é colaborar para o processo de aprendizagem. Esse é um olhar que a gente, às vezes, esquece. Muitas vezes deixamos passar despercebida a verdadeira função da escola, que é ensinar aos alunos”, comenta a professora. “Temos que dar a chance aos professores de buscar no colega um apoio. Isso é muito forte nas escolas inglesas e podemos adaptar à nossa realidade.”
O curso de Liderança Escolar foi desenhado para atender todos os agentes da escola que exercem papel de liderança: professores, diretores, coordenadores, pais. “O curso tem uma credibilidade muito grande. É um olhar para os problemas do mundo, com base no modelo inglês”, detalha Magali.
Os módulos percorrem assuntos variados sempre com foco no líder e nos problemas educacionais. O trabalho é sempre realizado em grupo e os participantes criam protocolos a partir de suas próprias experiências. Eles são convidados a ouvir o colega e respeitar diferentes opiniões. São estimulados, ainda, a criar, juntos, soluções para situações e problemas reais.
“Eles montam planos de ação sempre contando com a ajuda do outro. Porque isso é fundamental para a gestão escolar, não só o conhecimento, mas também o diálogo. Esse é um ponto que a gente discute muito no nosso curso, a escuta ativa. Ouvir o professor, suas propostas, seus desafios. A gente faz exercícios constantes para que se possa aprender a ouvir o outro, porque assim você cria um conjunto de soluções para que o professor possa colocar em prática dentro da sala de aula”, conclui.
Magali do Nascimento de Paula é mestre em Linguística aplicada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Com mais de 30 anos de experiência no segmento educacional, atuou como coordenadora de universidades privadas no Estado de São Paulo. É facilitadora dos cursos Core Skills e Liderança Escolar do British Council há mais de 10 anos.
Para saber mais: http://institutosingularidades.edu.br/novoportal/produto/lideranca-escolar/
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