Na escola tradicional, avaliação sempre esteve relacionada com aplicação de provas ou apresentações de seminários ou projetos, realizadas geralmente ao final do curso. Entretanto, há diversas formas de se avaliar a aprendizagem do aluno ao longo de todo o período de aulas, dando novo significado a esse ponto nevrálgico da aprendizagem.
“A avaliação é muitas vezes confundida com o final do processo. A discussão que tem de ser feita a respeito dela é como isso pode ser uma ferramenta que traz elementos que auxiliam a gestão pedagógica e em sala de aula”, explica o professor Ewerton Camargo, professor do curso de extensão Avaliação Educacional: concepções e práticas, no Instituto Singularidades.
Ewerton conta que é por meio de uma boa avaliação que o professor vai poder planejar ou replanejar as suas aulas, uma vez que elas apontarão caminhos que funcionam ou não no aprendizado de cada um dos alunos. E, ainda, colaborar para que os objetivos e as competências a serem desenvolvidos em sala de aula fiquem mais claros para educadores e estudantes.
A ideia da prova como avaliação, além de tradicional, também é considerada por muitos educadores como uma forma de classificar os estudantes, com a qual o professor não concorda.
Ele diz que esse pensamento de “ranquear” os alunos persiste tanto nas escolas quanto externamente, no Enem ou no vestibular, mas o processo de acompanhar e verificar a aprendizagem do aluno deve ser um processo em construção, contínuo.
Metodologias ativas, BNCC e tecnologia na avaliação
O uso das metodologias ativas em sala de aula permite que práticas de avaliação mais inclusivas sejam adotadas, tornando o aluno mais autônomo e consciente de sua aprendizagem. “Uma das abordagens da avaliação é que nós devemos deixar muito claro para o aluno “o que” e “para que” o estamos avaliando. E as metodologias ativas falam muito sobre isso, a respeito de qual competência será avaliada, qual o objetivo daquela prática, deixando tudo muito claro ao aluno”, comenta.
Além disso, a nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) também cita a “avaliação formativa”, que é complementar a este conceito emprestado das metodologias ativas. Esta seria uma forma de acompanhar o desempenho do aluno ao longo de todo o curso, levando em conta as competências e habilidades apontadas pela base para cada uma das etapas do ensino básico.
“Há uma questão que eu gosto muito de observar durante minhas aulas, que é que muitas vezes os professores estão aplicando este método e não sabem. Então, quando a gente traz isso à luz e eles dizem que já fazem isso é bem interessante, porque a ideia é tornar essa prática ainda mais significativa do que eles já vinham fazendo”, explica.
Outro ponto inovador que o professor cita é o uso das tecnologias na avaliação. “Sem dúvida, os meios tecnológicos vieram para ficar e devem ser utilizados em sala de aula, embora não sejam a solução de todos os nossos problemas em educação. Mas sem dúvida várias destas ferramentas podem ser usadas neste caminho”, comenta Ewerton.
Ele dá como exemplo uma atividade proposta a uma turma da educação infantil, na qual os alunos utilizam um software para desenhar, baseando-se numa proposta dada pelo professor, como uma história infantil.
Por meio da observação de como cada uma destas crianças faz esta atividade, é possível avaliar a questão motora, sua interação com o aparato utilizado, o desenvolvimento de seus movimentos finos ou mesmo os primeiros passos do letramento, com a escrita do nome ou mesmo de letras soltas, além de outras competências e habilidades esperadas para aquela fase da aprendizagem.
Já no ensino fundamental e médio, o professor sugere a preparação para um debate, que pode ser sobre determinado tema de qualquer dos componentes curriculares. “A gente pode observar como o aluno pesquisa, que fontes utiliza, como ele constrói seus argumentos com base nessas informações conseguidas na internet etc. É possível, também, organizar um grupo para debater no Whatsapp, tendo o professor como mediador, por exemplo, numa tarefa de casa”, explica.
Quebrar o paradigma da avaliação é um dos grandes desafios do professor de hoje, o que será explorado no curso do Instituto Singularidades, como explica Ewerton. “As práticas e vivências dos professores em suas práticas avaliativas serão o material principal do curso. Por meio delas vamos construir uma nova imagem e novas propostas de avaliação, distantes daquela de que “prova” é algo ruim, pesado e assustador. Precisamos deixar a avaliação mais leve para professores e alunos”, finaliza.
Ewerton Camargo é pedagogo, pós-graduado em Gestão Escolar e mestre em Avaliação e Gestão de Políticas Públicas. Há mais de dez anos trabalha com diversas formas de avaliação. Atualmente é supervisor de ensino de uma rede de escolas de investimento social privado e consultor educacional autônomo. É docente do curso de extensão “Avaliação Educacional: concepções e práticas”, no Instituto Singularidades.
Para saber mais: http://institutosingularidades.edu.br/novoportal/
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