A participação em um evento com caráter científico sempre se mostra como um importante momento na vida acadêmica e profissional de um professor. No entanto, quando este tipo de encontro se caracteriza por reflexões que se fundamentam nos princípios da Educação Matemática Inclusiva, a importância da nossa participação ultrapassa fronteiras profissionais, alcançando espaços de discussão no âmbito da humanidade, da cidadania e da justiça social.
São essas as palavras que traduzem a minha participação no Comitê Científico do 1º Encontro Nacional de Educação Matemática Inclusiva (ENEMI), realizado na cidade do Rio de Janeiro entre 17 e 18 de outubro passado.
Com o apoio do Instituto Singularidades, mais de trezentos especialistas e pesquisadores da educação matemática no Brasil se reuniram para compartilhar investigações em desenvolvimento nos diferentes grupos de pesquisa do país, além de divulgar resultados e dialogar com professores da educação básica.
Temas como deficiências, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades/superdotação, instituições especializadas, diferença e diversidade, exclusão social e educação do campo foram os tópicos de discussão assumidos no evento, que potencializaram, por meio de uma intensa reflexão sobre tais temas, a troca de experiências e práticas entre os participantes.
Campo é importante e tem muito a ser explorado
A Educação Matemática Inclusiva é atualmente um importante campo de pesquisa, evidenciando-se principalmente pela quantidade de pesquisadores envolvidos e estudos realizados nesse campo a partir da primeira década dos anos 2000.
Com zonas de inquéritos constituídas na temática da inclusão no Brasil, os educadores matemáticos atuantes nesta área conduzem estudos e pesquisas sobre possibilidades didáticas, adaptações de recursos e reflexões filosóficas e sociológicas, além da sustentação teórica das práticas inclusivas no processo de ensino e a aprendizagem da matemática.
A ressignificação da trajetória formativa do professor que ensina matemática foi um dos tópicos que mais se destacaram no 1º ENEMI, provocando uma reflexão sobre como os elementos da educação inclusiva devem compor a trajetória formativa docente, pois é na formação deste profissional que impulsionamos a busca por escolas que, no seu construto, sejam mais inclusivas.
A relevância da Educação Matemática Inclusiva no nosso país culminou, assim, na realização de um evento com cinco grupos de discussão, oito rodas de conversa e seis mesas-redondas realizadas em dois dias de intensa atividade. Foram momentos de comunicação científica e difusão de conhecimentos que se constituíram nos últimos anos.
Reconhecemos que esta não é uma tarefa fácil e de rápida execução, porém necessária e importante para que alcancemos tudo o que se propõe em termos de políticas públicas no campo da educação inclusiva.
O 1º ENEMI se posicionou, assim, como um evento que fortalece as reflexões nascidas de processos de inclusão, com foco nos grupos de estudantes que experimentaram diferentes processos de exclusão na história, e que, agora, são incluídos no sistema educacional brasileiro.
São grupos que, por meio de suas marcas de exclusão, têm seus próprios arcabouços históricos e identitários constituídos ao longo dos anos, os quais são dignos de nossa atenção na educação matemática.
O apoio de diferentes instituições, como o que foi dado pelo Instituto Singularidades expressa o compromisso que a sociedade deve firmar por meio dos seus diversos setores, o que converge na construção de uma educação inclusiva com qualidade e equidade diante do entendimento da diversidade humana.
Elton de Andrade Viana é professor no curso de Licenciatura em Matemática do Instituto Singularidades. Também atua como pesquisador da Educação Matemática Inclusiva, com estudos que se concentram na área do autismo e da neurodiversidade.
Para saber mais: http://institutosingularidades.edu.br/novoportal/produto/matematica-graduacao/
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