Trabalho e projeto de vida é uma das 10 competências que integram as diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Focada no Ensino Médio, o objetivo desta é ajudar os estudantes a refletir sobre seus sonhos e desejos para o futuro. Assim, com a ajuda dos professores, eles têm a chance de olhar para dentro de si enquanto buscam construir uma base para escolher e desempenhar suas profissões.
Para a professora Hanna Cebel Danza, que ministra o curso de extensão Educação para a construção de projetos de vida: aportações para o cumprimento das diretrizes da BNCC no Instituto Singularidades, ter o Ensino Médio voltado para este tipo de planejamento é uma inovação que ajuda a dar um novo sentido à escola.
“A presença do projeto de vida na escola se explica por diversas razões em várias instâncias. Uma delas é trazer um novo propósito para o estudante. A escola tem a função social de promover espaços criativos para que a juventude pense a respeito de seu futuro e dos modos de inserção social”, avalia.
Reforçando essa questão, Hanna reforça que há pesquisas que mostram o quanto a inserção social durante essa fase tem se tornado mais complicada por conta das demandas contemporâneas.
Isso faz com que a transição da adolescência para a vida adulta, período naturalmente cheio de inquietações e obstáculos, seja ainda mais complexa.
Nesse sentido, trabalhar a competência de projetos de vida em sala de aula se faz essencial, já que estimula os alunos a desenvolver habilidades como planejamento, foco, concentração, atuação em equipe e liderança.
Outra razão que valida sua importância é pensar que, a partir de projetos de vida individuais, é possível elaborar um projeto societário e promover transformações na cultura, ainda que sejam pequenas brechas.
Tal abordagem citada pela professora prioriza quem o jovem se tornará ao invés de suscitar apenas o que ele fará. “Quando a gente fala em projeto de vida, a maioria das pessoas imagina que estamos falando apenas de orientação profissional, mas ele passa por muitas esferas. Se a questão profissional é tão associada ao projeto de vida, é porque criamos uma cultura de que o trabalho é a dimensão mais importante do futuro das pessoas. Se isso foi criado culturalmente, a gente também pode mudar esse cenário para que as pessoas entendam que a grande finalidade do projeto de vida é, na verdade, promover melhorias na sociedade e no mundo. Essa é minha grande aposta, minha grande paixão”, detalha Hanna.
Orientações da BNCC
Partindo-se das diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o objetivo da orientação pedagógica defendida pela professora Hanna é auxiliar os alunos a desenvolver aptidões como determinação, perseverança e autoavaliação, além de fornecer ferramentas para a compreensão do universo profissional.
Apesar desses direcionamentos, Hanna explica que não há orientação específica da BNCC sobre como implementar o projeto de vida nas escolas. “O projeto de vida parece na BNCC como um fim geral do Ensino Médio, mas não temos pistas sobre como fazê-lo.”
A professora afirma que esse conjunto de habilidades socioemocionais é apresentado de forma ampla, mas é preciso ainda desenvolver ferramentas práticas. “Nas outras disciplinas, temos habilidades para cumprir. Em projetos de vida, a gente precisa pensar, refletir e criá-las. E a gente pode fazer isso a partir do lugar do adulto, imaginando o que é importante para os jovens, ou então a partir de um conhecimento, de uma escuta real de quem é o nosso jovem”, compara.
Para finalizar, Hanna chama a atenção para uma ideia simples, mas poderosa: quando se pensa em projeto de vida, é instintivo focar no futuro; no entanto, para formar essa concepção é necessário levar em consideração tanto o passado quanto o presente dos jovens.
“O projeto de vida começa a ser construído em uma fase anterior ao Ensino Médio. Essa discussão pode ser introduzida já no Ensino Fundamental”, finaliza.
Hanna Cebel Danza é mestre e doutoranda em Psicologia e Educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. É consultora da disciplina “Projetos de Vida” em escolas da rede privada de ensino e professora do curso de extensão “Educação para a construção de projetos de vida: aportações para o cumprimento das diretrizes da BNCC”, no Instituto Singularidades.
Para saber mais: http://institutosingularidades.edu.br/novoportal/produto/educacao-para-a-contrucao-de-projetos-de-vida/
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