Com as mudanças impostas pela pandemia de Covid-19 nos últimos dois anos, a urgência em se mudar a estrutura da aprendizagem tradicional — com conteúdos a serem cumpridos em determinado semestre ou ano letivo, sem levar em conta as individualidades de cada membro da turma de estudantes — ficou ainda mais clara. Para que o processo de aprendizagem se torne mais eficaz, é necessário repensar a estrutura educacional em todas as suas instâncias para que este processo aconteça de uma forma integral. Esta abordagem é conhecida como gestão de aprendizagens.
“A partir dos conhecimentos sobre a BNCC e de práticas avaliativas eficientes, o gestor escolar deve mobilizar sua equipe para evoluir nas análises de dados avaliativos provenientes tanto internas (da própria escola) como externas”, comenta a professora Karen Andrade, professora dos cursos de extensão do Singularidades. Conversamos com ela sobre como a gestão escolar, avaliação e o aprendizado de cada aluno podem se beneficiar da gestão de aprendizagens. Confira a entrevista a seguir.
Blog Singularidades: O que mudou nas competências e dimensões da atuação do gestor escolar com a BNCC?
Karen Andrade: A BNCC traz as diretrizes gerais de aprendizagens e desenvolvimento comuns para todos os estudantes, de forma a garantir a equidade na Educação Básica. A partir da base, cada rede de ensino elaborou a sua atualização curricular, com as competências e habilidades e a serem desenvolvidas.
É preciso que o gestor domine o que é proposto pela BNCC e pelo currículo de sua rede. Mas, mais do que isso, este profissional precisa estar atento à forma como esse currículo é proposto pelos docentes, sendo o principal líder da elaboração e articulação da Proposta Pedagógica, garantindo que a atuação de toda sua equipe esteja voltada para o cumprimento dos objetivos de aprendizagem da escola.
E na avaliação? Quais foram as mudanças?
A avaliação que é praticada pela escola precisa ser condizente com o que é ensinado e proporcionar o acompanhamento da efetividade das aprendizagens, de forma que as equipes pedagógicas e docentes possam viabilizar os avanços na construção dos conhecimentos e ainda apoiar os estudantes que apresentem dificuldades.+
Como a pandemia mudou a prática da gestão escolar?
São inúmeros os desafios administrativos impostos aos gestores na pandemia. Especificamente sobre a gestão das aprendizagens, temos um cenário bastante complexo que vai desde as dificuldades da escola em garantir, de fato, um currículo que tenha sido acessível a todas as turmas de estudantes, até o monitoramento das aprendizagens efetivamente consolidadas durante o afastamento das escolas.
O retorno às aulas presenciais já mostra uma discrepância maior entre as competências demonstradas pelos educandos de uma mesma série e essa condição traz para os gestores a necessidade crucial de liderar as ações que possibilitem diagnósticos precisos das aprendizagens, a priorização curricular e o apoio eficiente na recomposição de suas aprendizagens aos estudantes com mais dificuldades.
De que forma a inovação e o uso de dados pode ajudar os gestores em sua prática?
Nas aprendizagens, as inovações didáticas e as tecnologias podem ser grandes aliadas para potencializar os percursos individuais dos estudantes e o aprofundamento de pesquisas que possam ser retomadas e desenvolvidas de forma colaborativa em interação com o grupo e com a mediação do professor.
Com relação à atuação do gestor escolar, a análise de dados é fundamental para a proposição de metas e expectativas de aprendizagens factíveis com a realidade da escola. As avaliações internas da escola possibilitam o diagnóstico das aprendizagens e o monitoramento do alcance dos objetivos e metas estabelecidos para cada estudante ou turma, de acordo com a realidade local.
Já as avaliações externas, ao serem analisadas coletivamente, são instrumentos importantes de verificação aprofundada sobre as habilidades e conhecimentos que ainda precisam ser desenvolvidos, sobre as condições diversas dos estudantes e também possibilitam um comparativo padronizado dos resultados da escola ao longo dos anos.
Karen Martins de Andrade é pedagoga, pós-graduada em Distúrbios da Aprendizagem, com MBA em Gestão de Projetos. É educadora Efetiva na Rede Municipal de Ensino de São Paulo há 20 anos, na qual atua como supervisora escolar. É Conselheira Titular e Presidente da Câmara de Anos Finais e Ensino Médio do Conselho Municipal de Educação de São Paulo.
Gestoras e gestores escolares: que mudanças vocês incorporaram ao seu trabalho nos últimos dois anos? Compartilhem conosco!
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