A produção de conteúdo, que até algumas décadas atrás se centralizava apenas nos grandes veículos de comunicação (como os jornais, revistas, programas de rádio e canais televisão), já é uma realidade presente em grande parte da população brasileira, uma vez que o acesso à internet atravessa a vida de aproximadamente 166 milhões de pessoas no país, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Atualmente, basta apenas alguns cliques e usos de aplicativos para que se produzam e consumam, todos os dias, novos conteúdos midiáticos e formas de interação social, inclusive no universo da educação.
Diante disso, grandes questões deveriam nos cercar como educadores: por que esses usos da internet não têm sido feitos (em muitos casos) de maneira ética, educadora e significativa? Como as escolas poderiam promover um melhor uso dessas tecnologias?
Essa é uma discussão que gira em torno dos Multiletramentos, um estudo que considera as práticas sociais de interação humana por intermédio das novas tecnologias do mundo digital.
Dominar as ferramentas digitais e aplicativos de celular não significa, exatamente, compreender de forma crítica os conteúdos divulgados, produzidos e articulados na grande rede.
Nossos alunos, assim como as outras pessoas, podem saber utilizar múltiplos programas em seus aparelhos, mas se não desenvolveram a capacidade de avaliar o que estão lendo e divulgando, o uso torna-se frágil e incompleto, trazendo uma série de consequências para o mundo.
De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), instituída recentemente para nortear os direitos de aprendizagem dos cidadãos brasileiros, é importante que os nossos estudantes sejam capazes, ao final da educação básica, de compreender e utilizar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares), para se comunicar por meio das diferentes linguagens e mídias, produzir conhecimentos, resolver problemas e desenvolver projetos autorais e coletivos.
Para isso, é importante adentrarmos nessas novas práticas do mundo contemporâneo, traçando as possibilidades para um uso mais consciente da tecnologia. Um exemplo de contato possível é o podcast, um gênero discursivo feito em áudio que pode ser elaborado e consumido com os próprios dispositivos cotidianos: celulares, computadores, tablets etc.
Com ele, é possível articular diversos temas de muitas formas, para múltiplos públicos. Assim, a divulgação de conteúdos e conhecimentos para as pessoas pode ser feita de forma mais atraente, coerente, ética, responsável e significativa.
Nas multimídias, novas possibilidades pedagógicas
O Instituto Singularidades, em 2019, deu início ao um canal de podcasts Educaramba, com o objetivo de aproximar os professores de todo o Brasil com as novidades relacionadas à educação. Para isso, foram convidados diversos especialistas que pudessem compartilhar experiências sobre os mais diversos assuntos educacionais.
Além do Educaramba, muitos outros canais têm produzido e divulgado conteúdos que dialoguem com seus públicos, como é caso do Quadro em Branco, um canal do YouTube que, além da produção de áudio, utiliza recursos visuais para aproximar seus espectadores: estudantes, pessoas interessadas em arte e cultura, leitores etc.
Esses gêneros podem, além de ser consumidos, elaborados por nossos alunos no espaço escolar, desde que a mediação docente se articule para desenvolver as habilidades e competências previstas pela BNCC.
Muitos Recursos Educacionais Abertos (REA), como o Audacity e o Movie Maker, são ferramentas de fácil utilização e acesso que podem auxiliar tais atividades. Assim, é possível que nossos alunos articulem temas de seus interesses, sem que deixemos de mediar tais contatos de modo desafiador, crítico, consciente, ético e responsável.
Os REAs possuem manuais técnicos de utilização, algo que poderá ajudar professores menos habituados com as práticas do mundo digital. A maior relevância de se trabalhar com essas questões é, portanto, trazer nossos alunos para uma maior compreensão do funcionamento do mundo, além de possibilitar novos significados e práticas para a vida em sociedade, que está em constante mudança e necessita de preparo.
Maicon da Cunha é aluno da Licenciatura em Letras do Instituto Singularidades.
Para saber mais: https://institutosingularidades.edu.br/novoportal/produto/graduacao-em-letras/
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