Blog Instituto Singularidades
  • Blog Instituto Singularidades
  • Início
  • Quem Somos
  • PARA ENSINAR
  • PARA APRENDER
  • COMO GERIR
  • Contato
Blog Instituto Singularidades
  • Início
  • Quem Somos
  • PARA ENSINAR
  • PARA APRENDER
  • COMO GERIR
  • Contato
O ambiente educacional tem uma dívida irreparável com a legitimação e a perpetuação da transfobia. Imagem: Acervo Singularidades/Lucas Dantas

Visibilidade para alunes e educadores trans

A educação é um espaço que precisa ser ocupado e acolher educadores, estudantes e colaboradores trans

  • Posted bysingularidades
  • 10 de fevereiro de 2021
  • in Posted in Destaques / Slide
  • 0

Sexta-feira, dia 29 de janeiro, foi comemorado o dia Nacional da Visibilidade Trans! Em 29 de janeiro de 2004, o Ministério da Saúde, juntamente a um grupo de ativistas do movimento trans, lança em Brasília a campanha “Travesti e Respeito: já está na hora dos dois serem vistos juntos”. A campanha lançada há 17 anos foi definitiva para que o dia 29 de janeiro fosse reconhecido como o Dia da Visibilidade Trans, em todo território nacional. 

Banner da campanha de 2004, que marcou o início do Dia da Visibilidade Trans no Brasil. Imagem: Arquivo pessoal

Nos anos que se seguiram, a luta pelo reconhecimento destas identidades se estendeu para que esse direito fosse também o direito ao nome social, ao uso dos banheiros conforme o reconhecimento de gênero, o direito a mudar o nome na certidão de nascimento, a utilizar o nome social nos registros escolares e ser tratado pelo pronome correto, em conformidade com sua identidade de gênero.

De todas as lutas, a pela permanência com vida no território é aquela que ainda se faz insurgente e não superada. No dia Nacional da Visibilidade Trans em 2021 a ANTRA (Associação de Travestis e Transexuais), publica o dossiê “Assassinatos e violência contra travestis e transexuais brasileiras em 2020”.

O documento aponta que 175 mulheres trans foram assassinadas no Brasil em 2020, e que em 77% dos casos os crimes foram cometidos com requintes de crueldade.

O Dossiê, organizado por Bruna G. Benevides e Sayonara Naider Bonfim Nogueira mostra, ainda, um ciclo de exclusões/violências que têm sido identificadas como as principais responsáveis pelo processo de precarização e vulnerabilização das pessoas trans.

Esse ciclo faz com que estas pessoas caminhem da precarização, ausência de afeto, renda, estudo, oportunidade de trabalho, ausência de reconhecimento da identidade de gênero, exposição e violência, para a morte. Tudo isso assegurado pela omissão de um Estado que se encontra em escassez de políticas públicas e invisibiliza pessoas trans.

Figura retirada do “Dossiê: Assassinatos e violência contra travestis e transexuais brasileiras em 2020”. Imagem: Acervo Pessoal

Segundo o Dossiê, pela 12ª vez o Brasil seguiu ocupando o primeiro lugar no ranking dos países que mais matam transgêneros no mundo. Além disso, o número de assassinatos de mulheres trans e travestis é o maior desde 2008 — ano em que o dado começou a ser registrado.

A escola e a inclusão (ou exclusão) de pessoas trans

A exclusão e a impermanência das pessoas trans em sociedade passa, impreterivelmente, pela escola. O ambiente educacional tem uma dívida irreparável com a legitimação e a perpetuação da transfobia.

Seja pela ausência dos temas relacionados à transfobia e à transgeneridade no currículo, pela omissão em casos de violências contra crianças e adolescentes trans, pela falta de reconhecimento do nome social, dos pronomes de tratamento, do uso do uniforme e do banheiro, ou de diversas práticas de humilhação que levam as pessoas trans para fora da escola, numa expulsão falseada de evasão escolar.

A Secretaria de Educação da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) elaborou em 2016 um relatório sobre as experiências de adolescentes e jovens lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais em ambientes educacionais.

A pesquisa realizada nasceu de uma necessidade histórica de se produzir dados e sistematizar como a violência tem atingido os corpos LGBTQIA+ nas escolas públicas e privadas por todo o Brasil e na América Latina. De todos os resultados alarmantes da pesquisa, temos como avassaladores os dados sobre o grau de aceitação das pessoas LGBT na escola:

Figura retirada da “Pesquisa Nacional Sobre o Ambiente Escolar no Brasil” (2016)

Segundo os dados da pesquisa entre os que não aceitam muito bem, são neutros, aceitam um pouco e os que não aceitam de forma alguma, soma-se 83,9 % dos entrevistados.

Apenas 16,1 % aceitam bastante a presença de pessoas LGBTQIAP+ nas escolas, enquanto mais de 80% odeia, se exime, não se move, oprime, cerceia, se faz indiferente, perpetua a transfobia, a LGBTfobia, destila ódio e preconceito.

Os dados nos fazem crer que essa guerra é puramente desigual, e que aqueles que poderiam auxiliar os que estão sendo oprimidos e fazer justiça dentro do espaço educacional, na maioria das vezes, corroboram com a violência ou lavam as mãos na ausência de uma ação eficaz.  

Agora, quero me referir aos educadores, professores, coordenadores, diretores funcionários e todes aqueles que estão à frente de espaços educacionais e que não são pessoas trans, que são pessoas cisgêneras.

Como vocês vão nos ajudar a virar esses dados? O que vocês vão fazer para que as pessoas trans e todas as pessoas LGBTQIAP+ possam permanecer na vida e na escola? Qual é a energia, o espaço e a oportunidade que vocês vão despender para adentrar nessa luta?

Quero terminar esse texto dizendo que sou uma pessoa trans não-binária, professore, artista e do interior de Minas Gerais. Ministro a disciplina Gênero e Sexualidade na pós-graduação em “Inclusão Escolar e Diversidade” no Instituto Singularidades.

Desde o início da minha jornada acadêmica e ativista lutei para que gênero e sexualidade pudessem adentrar o espaço escolar como objeto de estudo, de análise, como ciência, como campo científico de investigação, como manifesto, e como luta contra a transfobia e a LGBTfobia.

Nós sabemos onde nossas dores doem, nós conhecemos as denúncias, sabemos onde o medo nos pega, onde o calo aperta. Sabemos o que temos que fazer, mas não podemos fazer na solitude, precisamos que vocês, pessoas cisgêneras, sejam aliadas nessa luta.

Queremos espaço, queremos trabalho, queremos visibilidade para alunes e educadores trans, queremos mudar o rumo da educação, queremos que a nossa presença seja uma constante nas salas de aula, na coordenação, na diretoria e nos corredores.

Queremos transgredir a transfobia, queremos transpassar o currículo, queremos transicionar da morte para a vida, do medo para a liberdade, da invisibilidade para a visibilidade.

Referências Bibliográficas

ABGLT. Pesquisa Nacional Sobre o Ambiente Escolar no Brasil, 2016. Disponível em: http://static.congressoemfoco.uol.com.br/2016/08/IAE-Brasil-Web-3-1.pdf. Acesso em: 02/02/2021.

BENEVIDES, Bruna G.; NOGUEIRA, Sayonara N. B. (Org.). Dossiê: Assassinatos e violência contra travestis e transexuais brasileiras em 2020. – São Paulo: Expressão Popular, ANTRA, IBTE, 2021 136p. Disponível em: https://antrabrasil.files.wordpress.com/2021/01/dossie-trans-2021-29jan2021.pdf . Acesso em 02/02/2021.

Lucas Dantas é professore, pesquisadore, artista e ativista trans não-binário. É licenciade em Letras Português pelo Instituto Singularidades. É professor da disciplina “Gênero e Sexualidade” na Pós-graduação “Inclusão Escolar e Diversidade: Questões conceituais e instrumentalização de práticas” , na mesma instituição. É mestrande em “Educação: História, Política, Sociedade” pela Pontifícia União Católica de São Paulo (PUC-SP). Pesquisa gênero, sexualidade e corpos dissidentes no espaço educacional.

Dia Nacional da Visibilidade Trans Educação Inclusiva Educadores trans Inclusão de educadores e alunes trans

Post navigation

Previous Post

O que não vemos enquanto uma criança brinca: os benefícios imediatos da brincadeira pelo olhar das neurociências

Next Post

Alfabetizar entre livros: o lugar da literatura infantil

  1. Qual a importância da equidade racial para a educação? 

    • Posted bysingularidades
    • 19 de novembro de 2022
  2. Gestão de aprendizagens: por uma escola mais eficaz

    • Posted bysingularidades
    • 11 de janeiro de 2022
  3. 5 documentários brasileiros para se refletir sobre educação

    • Posted bysingularidades
    • 3 de janeiro de 2022
  4. Como é estudar Pedagogia no Singularidades?

    • Posted bysingularidades
    • 30 de junho de 2021
  5. Semana Nacional e Dia Mundial do Meio Ambiente: uma reflexão sobre a urgência deste tema na sala de aula

    • Posted bysingularidades
    • 26 de maio de 2021


Posts Relacionados

Posted inDestaquesSlide

Qual a importância da equidade racial para a educação? 

  • Postedby singularidades
  • 19 de novembro de 2022
  • 0
Posted inDestaquesPARA ENSINAR

A importância de se estudar a cultura e a literatura indígena

  • Postedby singularidades
  • 23 de dezembro de 2021
  • 0
Posted inDestaquesPARA ENSINAR

A programação como linguagem e o futuro da educação

  • Postedby singularidades
  • 20 de dezembro de 2021
  • 0
Posted inDestaquesFormação de professores . . .

A interação do aluno com a cidade e o potencial do espaço urbano para a educação

  • Postedby singularidades
  • 16 de dezembro de 2021
  • 0
Follow on Instagram
back to top