Concluída a terceira versão da Base Nacional Comum Curricular do Ensino Básico (BNCC), o desafio agora é, além da sua implantação nas escolas, a formação dos professores. Como preparar este novo profissional que surgirá a partir de agora? Quais metodologias pedagógicas serão necessárias para fazer cumprir estes desafios curriculares?
Julio Valle, mestre e doutor em Educação e professor do curso de Matemática do Instituto Singularidades cita alguns ensinamentos do escritor russo Leon Tolstói para mostrar a importância do princípio de que o professor deve educar a partir da realidade do aluno, do território em que ele vive e estuda.
“Uma de grandes percepções de Tolstói está na frase ‘se queres ser universal começa por pintar a tua aldeia’. O escritor era convicto de que o caminho para a universalidade passava indiscutivelmente pela localidade, pela territorialidade dos contextos concretos com que temos nossos primeiros contatos desde a infância, por nossa aldeia”, diz Valle.
Valle valoriza a compreensão da cidade como espaço educativo na formação de futuros professores. “Levamos nossos alunos para visitarem lugares importantes para a história de São Paulo, e a partir das visitas ocorrem discussões sobre como essas experiências podem ser utilizadas na educação básica para educar a partir destas localidades”, relata.
O saber primeiro
O educador Paulo Freire, além de Tolstói, também é lembrado pelo educador. “Junto aos alunos, debatemos caminhos pedagógicos que atribuam significados aos conteúdos disciplinares a partir das experiências, das vivências e dos primeiros conhecimentos com que chegam à faculdade. “É o saber primeiro”, diz ele, citando o patrono da educação brasileira.
Julio Valle conta que o conceito de território também tem se revelado um caminho interessante para despertar o futuro professor para novas estratégias de ensino. “O que os alunos veem no caminho que fazem das suas casas até a escola? A resposta a essa pergunta pode ter implicações pedagógicas bastante importantes, até mesmo do ponto de vista da orientação curricular que a escola vai adotar”, explica.
“Além de construir sentido às aprendizagens e dialogar com os princípios de uma educação crítica, cidadã, de valorização da cultura e da memória, este conceito tem permitido às escolas e aos professores a garantia do direito da criança e do adolescente aos espaços públicos, do acesso a experimentações fundamentais que podem, inclusive, gerar transformações no território”, relata Valle.
O professor afirma que esta estratégia de formação de professores tem se mostrado uma boa alternativa para concretizar o caminho apresentado por Tolstói. “Começando a pintar a nossa aldeia, nos tornaremos universais – esse é o próprio caminho do território no currículo”, conclui.
Julio Valle possui graduação em Licenciatura em Matemática pela Universidade de São Paulo (USP), onde também se titulou mestre em Educação e cursa o Doutorado na mesma área. É professor da Licenciatura em Matemática do Instituto Singularidades.
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