Nesta semana acontece a Campus Party, reunindo profissionais e estudantes de todo o Brasil. A expectativa da organização é que mais de 120 mil pessoas passem pelo Expo Center Norte, em São Paulo, até domingo (17 de fevereiro), quando termina o evento. Estão programadas 900 palestras e eventos sobre temas relacionados à tecnologia e programação, além de criatividade e novas soluções.
Com o diretor executivo Miguel Thompson à frente, a equipe do Instituto Singularidades mergulha no universo dos “campuseiros” (os frequentadores do megaevento) ao longo de todo o evento. Miguel compartilhou conosco algumas de suas impressões, além de aprendizagens que a Campus Party pode oferecer aos educadores.
Separados, mas misturados
Miguel observou que mesmo sendo um evento gigantesco no qual acontecem centenas de coisas ao mesmo tempo, a natureza solitária e um tanto hermética do participante da Campus Party ainda prevalece. “Chamou minha atenção como cada um está ali no seu computador ou outro equipamento, focado, mas ao mesmo tempo, interagindo com tudo o que acontece ao redor”, analisa.
Desafios coletivos e convivência
O diretor também observou que as competições e desafios propostos durante a Campus Party são uma forma interessante de se construir relações e parcerias. Para os estudantes dos próximos 20 anos, a proposição e solução de problemas de forma conjunta – como propõe a abordagem STEM (do inglês Science, Tecnology, Engeneering and Mathematics) será um dos grandes desafios.
“O conceito de ‘hackaton’ (palavra que junta os termos ingleses ‘hakking e ‘marathon’, ou seja, maratonas de programação, com centenas de participantes) está presente o tempo todo, é interessante de se ver”, revela.
Além disso, o fato de haver um acampamento no evento – que neste ano abriga 12 mil pessoas – com “campuseiros” de todos os estados brasileiros mostra, aponta Miguel, como essa combinação do aberto (coletivo) com o hermético (individual) funciona bem e é uma prova de que a tecnologia é inclusiva, acessível e promove o compartilhamento de aprendizagens e saberes.
“Há muitas caravanas que vêm juntas todo ano para a Campus Party, dos lugares mais distantes do Brasil, em viagens longas, com muitas vezes poucos recursos, mas vêm, fazem amigos, aprendem e convivem”, conta.
Subculturas reconhecíveis
Todo mundo que vai à Campus Party é programador ou gamer, certo? Conforme constatou Miguel, não. Como na Comic Con – onde o time Singularidades esteve, como contamos aqui – a presença de subculturas é muito forte, e há um grande senso de pertencimento dentro de cada uma.
E dentro delas há outras divisões, como se fossem “bonecas russas” da tecnologia e da inovação. Há os programadores dedicados a criar códigos abertos e democráticos (os chamados open source) ou desenvolvedores de aplicativos destinados às indústrias específicas, como saúde ou engenharia, para ficarmos em alguns exemplos.
Neste ano, surgiu forte a tribo dos “case modders”, que modifica ou customiza seus computadores com propostas de design ousado ou para melhorar a performance de seus equipamentos. O diretor observou que, mesmo no aparentemente uniforme mundo dos gamers, também há esta divisão. “Há a turma do Minecraft, do Counter Strike, do Fifa e de milhares de outros jogos. Mas todos estão ali, convivendo e aprendendo um com o outro”.
O novo papel do professor
E onde a escola entra neste novo mundo, onde o coding (do inglês code, código de programação) promete, segundo centenas de pesquisas, ser uma das linguagens mais usadas entre as crianças e os jovens do próximo século? Miguel acredita que aprofundar-se nas tecnologias e compreender a importância dela na vida dos alunos é uma das tarefas mais urgentes dos futuros professores.
“Ainda estamos muito apegados a esta questão da Educação a Distância (EAD), que deve ser uma experiência digital mais estimulante. Agora é o momento de explorar o potencial destes recursos, usar elementos deles na sala de aula e gerar uma síntese de conhecimento que case com a necessidade deste estudante do século XXI”, conclui.
Miguel Thompson é Diretor Executivo do Instituto Singularidades. Licenciado em Biologia pela Universidade Mackenzie, doutor e mestre em Oceanografia pela Universidade de São Paulo (USP), Thompson também tem um MBA em Marketing pela Fundação Instituto de Administração, da mesma instuição.
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