Desde a elaboração até a implantação, a nova BNCC vem reunindo docentes em torno da qualidade do ensino e os conteúdos necessários à formação de um educando ao longo dos anos da educação básica. E no caso da Matemática, cujo ensino ao longo das últimas décadas tem recebido poucas alterações, há com a nova base uma motivação para se repensar as formas de engajar as turmas de estudantes nesta disciplina.
O ensino por meio de habilidades e competências proposto pela base oferece às professoras e professores de Matemática a oportunidade de trabalhar seus planejamentos de forma mais personalizada.
A seguir, com a ajuda do professor Guilherme Jacobik, professor da faculdade de Matemática do Singularidades, falamos sobre a seguir sobre as oito competências e algumas formas de desenvolvê-las.
1 – Matemática como ciência viva e humana
Reconhecer que a matemática é uma ciência humana e viva, que trabalha para a solução de problemas científicos e tecnológicos que atua como alicerce para descobertas e soluções é fundamental é o que propõe a primeira competência.
Com os avanços da compreensão da Matemática como uma área que faz parte da vida das pessoas e que não se restringe à sala de aula, essa visão desta disciplina ser menos hermética, menos “exata” e mais “humana” tem se propagado.
“Isto está se modificando, graças aos avanços da psicologia infantil, do conhecimento da filosofia e da natureza do pensamento matemático da criança, que é muito mais ampla que essa linearidade que até então era a proposta”, explica o professor.
2 – Desenvolvimento do raciocínio lógico
A segunda competência específica da matemática na base é desenvolver o raciocínio lógico, o espírito de investigação, a capacidade de produzir argumentos convincentes, para que por meio dos conhecimentos matemáticos seja possível compreender e atuar no mundo.
Segundo o professor, essa exigência traz a noção do que seria esse conhecimento lógico matemático. “Nós estamos falando de um aspecto do protagonismo da criança, que é a partir do seu pensamento e do desenvolvimento da sua fala. Esta atenção genuína e verdadeira do professor em relação ao que as crianças trazem é que vai fazendo com que aconteça esse avanço do pensamento lógico matemático”, complementa Guilherme.
3 – Compreensão dos diferentes campos da Matemática
Segundo a nova configuração da base, aritmética, álgebra, geometria, estatística e probabilidade seriam estes campos. Essa é a terceira competência. O professor ressalta que essas questões sempre estiveram dentro dos planejamentos, mas faltava organizá-las melhor.
“Nesse terceiro item, vemos que todos esses conhecimentos matemáticos são relativos a outras implicações da vida da criança, inclusive a possibilidade dela melhorar a sua autoestima e a perseverança na busca de soluções”, conta.
4 – Observações de aspectos quantitativos e qualitativos
A quarta competência fala sobre observações sistemáticas de aspectos quantitativos e qualitativos, que estão presentes nas práticas sociais e culturais para investigar, organizar, representar, comunicar informações relevantes, para interpretá-las, avaliá-las crítica e eticamente, produzindo argumentos convincentes.
“A criança não é um depositário de conhecimento. Ela apreende o mundo, atende às coisas que estão à volta dela. Ela traz essa cultura para escola, onde acontece uma confluência da cultura escolar com outra mais ampla, dela própria, e nessa possibilidade de junção nós temos a formação integral do sujeito”.
5 – Utilização de processos e ferramentas matemáticas
Utilizar processos e ferramentas matemáticas – inclusive tecnologias digitais – para modelar e resolver problemas cotidianos, sociais e de outras áreas do conhecimento, validando estratégias e resultados” é a quinta competência da BNCC para a matemática.
Trazer elementos que fazem parte da vida de crianças e adolescentes para a prática escolar, como calculadora, computadores, softwares, games e outros recursos tecnológicos pode ajudar — e muito — a aprendizagem e o interesse.
6 – Enfrentamento de situações-problema em múltiplos contextos
A sexta competência inclui situações imaginadas e não diretamente relacionadas com aspectos práticos de atividades, ou a expressão de suas respostas, a síntese de conclusões, a utilização de diferentes registros de linguagem, inclusive gráficas, como tabelas, além de compreendê-las na língua materna em outras para escrever algoritmos, fluxogramas e dados.
O professor ressalta a questão da linguagem propriamente dita, ou seja, a criança pode se expressar matematicamente como ela se expressa na língua portuguesa. “A matemática é um conjunto de teoremas, axiomas e com simbologias próprias, mas essa aproximação deve se dar tal e qual acontece no processo de alfabetização e letramento. Na matemática acontece o processo de numeramento, em que a criança vai utilizando as suas formas de expressão, e essas vão sendo respeitadas para que ela vá aprendendo expressões mais convencionais na disciplina”, explica
7 . Desenvolvimento de projetos solidários e diversos
Tratar de questões de urgência social, com base em princípios éticos, democráticos, sustentáveis, e solidários, valorizando a diversidade de opiniões de indivíduos e de grupos sociais, distante de preconceitos de qualquer natureza é a sétima competência.
“Talvez esta seja uma novidade em relação a outros documentos. É a primeira vez que isso é colocado em um documento de caráter oficial, portanto, nós estamos falando de um objeto de conhecimento obrigatório. É também um instrumento de combate às injustiças sociais e de compreensão de como funciona o mundo”, valoriza Guilherme.
8 – Interação com os pares de forma colaborativa
A última das competências sugere a importância de interagir com seus pares de maneira cooperativa, trabalhando coletivamente no planejamento, e no desenvolvimento de pesquisas para responder aos questionamentos, além da busca de soluções para problemas, de modo a identificar as técnicas processuais de uma determinada questão, respeitando o modo de pensar dos colegas e aprendendo com eles.
Para Guilherme, a competência traz um ponto enriquecedor para as práticas em sala de aula, que é o aprender juntos. “Quando uma criança no primeiro ano busca uma solução da maneira dela, com o seu registro e a partir dos pontos de vista que tenha até aquele momento, ela elabora possibilidade de resolução de um problema, organiza os dados do problema, os coloca numa ordem algorítmica, ou seja uma ordem lógico matemática para dar conta de uma resposta. Se há à sua volta um professor que enxerga isso como uma possibilidade de aprendizado coletivo, esta é uma novidade das mais interessantes”, analisa.
Professora e professor, como você vem trabalhando as habilidades e competências da Matemática em sua prática? Conte para a gente!
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