Estamos em 2021 e, certamente, um dos termos mais falados nos últimos meses no campo da educação, foi ensino híbrido. Essa modalidade ganhou ainda mais destaque em tempos de pandemia, quando os educadores tiveram que se adaptar a uma rotina diferente, com aulas remotas. Em linhas gerais, entendemos o ensino híbrido como uma modalidade que une o ensino presencial e o on-line, certo? Mas será que podemos resumi-lo a uma mera junção do ensino tradicional com a tecnologia?
Especialmente na urgência da manutenção do ensino, algumas confusões surgiram, como se pensar que somente transpor os conteúdos expositivos para plataformas on-line seria o mesmo que fazer uso apropriado da aplicação do ensino híbrido no cotidiano escolar.
Antes de tudo, é preciso destacar que a prática desse ensino privilegia os estudantes como centro do processo de aprendizagem e os convida a utilizar a tecnologia para conhecer os conteúdos e, nos momentos presenciais, compartilhá-los ou discuti-los ativamente com os colegas, sob a mentoria da professora ou do professor. Essa configuração gera interação, colaboração e aprendizagens. Desmitificamos aqui uma das primeiras confusões que surgem ao tratarmos de ensino híbrido: o presencial ainda é parte essencial nessa engrenagem.
A tecnologia surge, assim, como uma ponte para viabilizar a conexão entre o ensino presencial e o a distância. Note que ela não assume, portanto, o lugar principal, mas o de aliada para colaborar como o avanço das aprendizagens dos estudantes. Algumas soluções tecnológicas aplicadas à educação, inclusive, facilitam a personalização das atividades em sala de aula e o ensino colaborativo, permitindo que os estudantes aprendam de forma autônoma em seu próprio ritmo e de acordo com seus interesses.
Além disso, o ensino híbrido, aliado ao ensino personalizado, possibilita identificar as dificuldades das alunas e dos alunos, seja de maneira individual, seja de modo coletivo. Para isso, o educador ou a educadora poderá utilizar ferramentas que o auxiliarão em seu trabalho – outrora somente manual.
Esse contexto, nos convida a reavaliar o que conhecemos e discutimos até então sobre o que é ensino híbrido, as diversas possibilidades que essa temática representa e quais os caminhos possíveis para os educadores desenvolverem mais ferramentas de apoio para os estudantes em sala de aula.
Quais os modelos e possibilidades do ensino híbrido?
A partir do plano pedagógico, um dos possíveis modelos é a aula em rotação de estações, que é uma modelo baseado na criação de diferentes ambientes dentro da sala de aula. Tendo a sala de aula organizada em circuitos, os estudantes podem debater e trocar impressões sobre o conteúdo com diversos grupos. Por meio da formação de grupos heterogêneos e com tarefas diversas, a professora ou professor pode oferecer aos estudantes a oportunidade de entrar em contato com diferentes pontos de vista, realidades e propostas.
Como promover a aprendizagem personalizada baseada em competências?
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estabeleceu como marco o desenvolvimento de dez competências gerais, que servem como orientação para o ensino em cada ano e área de conhecimento. A partir do estabelecimento de um processo voltado para o desenvolviemento de competências, o ensino personalizado se tornou uma das formas de promover um ambiente no qual alunas e alunos possam tomar decisões e desenvolver autonomia dentro de seu processo de aprendizagem.
Essa personalização, como já mencionado anteriormente, pode beneficiar o processo de aprendizagem ao oferecer formas de adaptar-se às necessidades e interesses dos estudantes, por meio, por exemplo, da solução de dúvidas de maneira mais simples. Programas personalizados também podem proporcionar um planejamento de estudos que permita enfatizar as competências em que os estudantes tenham mais dificuldades.
Quando o uso das tecnologias digitais potencializa as aprendizagens?
Em 2001, o escritor e especialista em educação Marc Prensky criou o conceito de nativos digitais: a geração que nasceu e cresceu com acesso à internet. De acordo com Prensky, as mudanças nas metodologias, currículos e sistemas de ensino precisariam levar em conta esses novos perfis, pois os estudantes dessa geração (também chamada de “Z”) têm formas diferentes de pensar e processar as informações.
Com o estrondoso crescimento da internet, houve o surgimento de centenas de aplicativos, sites e outros aparatos tecnológicos com utilizações diversas, inclusive na educação. Houve, também, uma certa “fetichização” desses recursos como uma solução para os problemas educacionais, o que no Brasil, país onde a desigualdade social ficou ainda mais evidente com a pandemia, mostrou-se falso e injusto.
É fato que a implementação de recursos digitais passou a ser vista como sinônimo de inovação, mas ainda que haja diversas estratégias inovadoras na educação que se relacionam fortemente com a tecnologia, as metodologias ativas de aprendizagem não são exclusivamente atreladas ao uso de aplicativos e dispositivos. A essência dessas abordagens educacionais inovadoras está nos estudantes, que assumem o protagonismo, e nos educadores, que apropriam-se da mediação das aprendizagens.
Como planejar aulas no modelo híbrido considerando os diferentes contextos emergentes?
Uma das ferramentas para realizar esse planejamento diante dos novos contextos educativos é o design thinking. Trata-se de uma área do conhecimento que, na atualidade, vem sendo usada em diversos momentos para melhorar experiências de cidadãos e, também, de estudantes.
Para criar essa forma de planejamento, é necessário olharmos para o contexto local, para os envolvidos no processo e, também, para o contexto global. Responder questões como quem é essa aluna ou esse aluno, como é o seu entorno, quais são suas necessidades e como pode ser influenciada ou influenciado pela cultura trarão informações para criar-se uma persona para basear este design.
Tendo alguns desses pontos em mente, o docente poderá definir quais objetivos alcançar, não apenas de conteúdo, como também em relação ao desenvolvimento de competências.
Uma boa forma de desenhar este processo é criar pequenos planejamentos: uma única atividade, uma aula ou uma etapa de um projeto. Para fazer esta proposta, deve-se levar em conta os recursos à disposição dos estudantes, as potencialidades do ambiente remoto para o ensino híbrido e as formas de avaliação do desenvolvimento de competências previstas naquele componente curricular.
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